'Viver sem minhas coisinhas?': Tupperware lovers rejeitam papo de falência
Franceli Stefani
Colaboração para o UOL
06/06/2023 04h00
A notícia de que a famosa marca de utensílios Tupperware poderia falir gerou especulação no mercado e nas redes sociais.
E, para as apaixonadas pelos potinhos de plástico, a informação veio acompanhada de incredulidade.
"Tenho certeza de que a marca não vai deixar de produzir, justamente porque há fãs espalhadas pelo mundo", afirma a empresária Maria Danusa Trindade, 53, colecionadora dos famosos potinhos da Tupperware.
De jarras a itens para guardar salada, sobremesa ou tira-gostos: sempre que encontra uma Tupperware diferente das que já tem no armário da cozinha, ela não pensa duas vezes em investir.
Maria Danusa não está sozinha: ela faz parte de uma comunidade de apaixonadas pelas "tuppers". Nas redes sociais, as amantes dos potinhos fazem sucesso mostrando seus recipientes em detalhes.
A prática reinventa as tradicionais "festas de Tupperware": encontros nos anos 60 e 70 em que as consultoras apresentavam os produtos na própria casa, para amigas, vizinhas ou colegas de trabalho.
Danusa, moradora de Marília (SP), dá sua contribuição pessoal para a marca: ela já perdeu as contas de quanto gastou com os potinhos — os preços dos itens que ela comprou variam de R$ 25 a R$ 150.
Se depender dela, a marca não deixa de existir. "Como vou viver sem minhas coisinhas? Nem pensar."
Para as colecionadoras, comprar os potinhos é uma questão de tradição. "Tenho vários modelos e de várias cores, guardo muitas coisas dentro deles", afirma a assistente jurídica Elaine Chaves Ferreira, de 50 anos.
O hábito vem de décadas atrás: moradora de Itaboraí (RJ), Elaine compra a marca desde 1995. "Tenho vasilhas com mais de 20 anos, em perfeito estado", conta Elaine. Sempre que pode, ela compra mais uma.
Crise?
A Tupperware, marca criada em 1946, anunciou em abril que havia contratado consultores financeiros em meio a uma crise de caixa. A empresa admitiu, segundo o Financial Times, que poderia não ter recursos para continuar operando, e seu status como um negócio viável estava em dúvida.
As ações da marca Tupperware desabaram mais de 90% na Bolsa de Nova York em 12 meses. E a empresa está renegociando dívidas.
A presidente da Tupperware Brasil, Paola Kiwi, no entanto, tranquilizou o mercado. Em uma publicação no Facebook, ela disse que "estão bombando de vender". O anúncio foi acompanhado de comentários como "glória a Deus" por parte de revendedoras e colecionadoras.
Brasil é o maior mercado
O Brasil tornou-se o maior mercado consumidor da Tupperware, que chegou por aqui em 1976. Alguns dos produtos mais populares são as garrafas d'água, conjuntos de embalagens de armazenamento e potes com tampas vedadoras.
Os produtos vendidos no Brasil são feitos em uma fábrica no Rio de Janeiro, com mil funcionários.
Apesar de ter consumidoras fiéis, a avaliação por parte de especialistas no mercado é de que a marca enfrenta dificuldades. O desafio é conquistar as casas dos consumidores mais jovens, que já não veem os potinhos como relíquias.
As empresas chinesas dominam o mercado — o que aumenta a concorrência.