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'Competição desleal' da Shein prejudica varejistas e lojistas, diz Ablos

Mauro Francis, presidente da Ablos Imagem: Divulgação

Karla Dunder

Colaboração para o UOL, em São Paulo

30/08/2023 04h00

O presidente da Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites de Shoppings), Mauro Francis, criticou a declaração do CEO da Shein, que sugeriu às empresas brasileiras "trocarem seu modelo de negócio" e afirmou que o problema do varejo brasileiro não é o modelo de atuação ou a logística, mas "a falta de isonomia tributária".

O que aconteceu

A associação classifica a atuação da Shein no Brasil de "competição desleal". Segundo o presidente da Ablos, que reúne lojas de até 230 metros quadrados, num total de 100 associados, a gigante chinesa consegue vender mais barato porque "paga menos impostos".

Em entrevista a site, CEO da Shein sugeriu às varejistas tradicionais "trocarem modelo de negócio". Marcelo Claure disse ao "Faria Lima Journal" que a Shein "é a única empresa no mundo, com a capacidade de fabricar e vender o produto em sete dias". A Shein anunciou que pretende ampliar sua produção no Brasil e que aposta na logística para manter o mesmo valor dos produtos.

Logística não é um problema para varejistas brasileiras, diz Ablos. Francis destaca que o varejo brasileiro não tem problemas em entregar rápido. "Alguns disponibilizam o produto em um dia útil, mas não dá para ser competitivo com uma carga tributária de 92,4% sobre as mercadorias", diz, citando pesquisa do IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo).

Desde a pandemia, empresários têm investido em tecnologia e no e-commerce. Para Mauro Francis, não é possível oferecer preços acessíveis, como os dos produtos vindos da China, apenas com uma boa logística. "A grande questão não é o modelo de negócio ou a logística, mas a quantidade de impostos que pesam para o setor", diz.

Isenção para comprar online de até US$ 50. Em julho, o governo instituiu o programa Remessa Conforme, que zerou o imposto federal de importação para compras online de até US$ 50. A Shein informou que aderiu ao programa. Segundo representantes do varejo, a medida oferece um tratamento diferenciado e uma tratação injusta entre entre as plataformas internacionais e as redes tradicionais. A Fazenda estima perda de R$ 35 bilhões até 2027 devido à isenção.

"Não temos problemas com a concorrência, desde que seja leal, que haja isonomia de impostos para podermos competir. O governo precisa entender que essa disparidade impacta tanto os grandes players como para os pequenos comerciantes, como essas plataformas trabalham no Brasil, pode gerar fechamento de lojas e desemprego."

Mauro Francis, presidente da Ablos

O que diz a Shein

Empresa diz que seu modelo de negócio é um de seus principais diferenciais competitivos. Em nota, a Shein que sua operação baseada em tecnologia e análise de dados permite "produzir pequenos lotes de 100 a 200 unidades por produto e medir a resposta do mercado para, a partir disso, escalar sua produção baseando-se em uma demanda real", sem necessidade de grandes estoques de produtos, o que reduz custos.

A Shein diz estar "comprometida com o Brasil". A empresa também informou que acredita que o potencial competitivo de um país e de um setor é promovido e "potencializado também por meio de soluções equânimes de justiça tributária". A empresa anunciou em julho a fabricação de roupas no Rio Grande do Norte e promete geração de milhares de empregos para os próximos anos. Há fábricas cadastradas para produzir roupas em outros estados como São Paulo, Paraná e Mato Grosso.

Reiteramos que a empresa tem acompanhado de perto as discussões sobre o tema e entende que é muito importante o diálogo setorial e com o governo para a construção de uma solução, de fato, eficaz e que busque apoiar o consumidor.

Shein, por meio de nota

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