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Outdoor com QR Code convida para ver nudes; há limite para a propaganda?

Outdoor foi instalado em duas avenidas de Porto Alegre (RS) Imagem: Arquivo Pessoal

Simone Machado

Colaboração para o UOL, em São José do Rio Preto (SP)

19/09/2023 10h53Atualizada em 20/09/2023 11h46

Quem passa pelas avenidas do Forte e Assis Brasil, em Porto Alegre (RS), é surpreendido por um outdoor nada convencional dizendo: "Quer me ver pelada?" com um QR code, indicando que qualquer pessoa pode acessar ao conteúdo gratuitamente.

A autora da propaganda é a criadora de conteúdos adulto e de humor Martina Oliveira, de 20 anos — que também ficou famosa por avaliar pênis de clientes. Ela contou ao UOL que os dois outdoors foram colocados na cidade no início da semana passada, para divulgar seu trabalho e atrair mais assinantes para sua conta no Privacy - plataforma de conteúdo adulto brasileira, semelhante ao Onlyfans.

"Faz tempo que eu tinha essa ideia de fazer o outdoor, por ser uma coisa grande que chamaria muito a atenção. Achei uma empresa que topou a ideia e colocamos em duas avenidas bastante movimentadas, o que deu uma grande repercussão", disse Martina.

Para a instalação dos outdoors, Martina desembolsou cerca de R$ 5 mil, por 30 dias de publicidade.

"Em menos de 24 horas eu já reverti o valor do investimento do outdoor. Arriscamos esse tipo de divulgação e deu muito certo. Vendi muito e consegui chegar ao meu topo de vendas graças a essa publicidade", acrescenta.

No entanto, o conteúdo dos outdoors gerou reclamações de moradores e denúncias na prefeitura, segundo a criadora de conteúdo. Situações que farão com que a propaganda seja alterada.

"Vamos ter que trocar a palavra 'pelada' por 'sem nada' e o código do QR code vai ser alterado para um que leve à minha conta no Instagram e não a da plataforma de conteúdo adulto. A alteração está por conta da empresa que colocou a publicidade e deve ser feita nos próximos dias", explicou ela.

Cartazes em postes

Cartazes foram colocados em postes de Porto Alegre (RS) Imagem: Arquivo Pessoal

Essa não é a primeira vez que Martina ousa em suas propagandas. Há dois meses ela colocou cartazes em postes da cidade com a mesma proposta.

"Espalhamos cerca de 300 cartazes e o retorno dele é mais devagar. A intenção é que mais pessoas vejam meu conteúdo, comentem e compartilhem. Com a divulgação dos outdoors as pessoas passaram a divulgar mais também os cartazes e falar sobre ele."

Essas ideias de publicidade me ajudam muito a alavancar o número de assinantes na plataforma [Privacy]. Já são mais de 8 mil assinantes e esse número é bastante interessante.

Mas afinal, há limite para esse tipo de propaganda?

O conteúdo e as regras para a exposição de publicidade em outdoor e cartazes em Porto Alegre, como o criado pela Martina, é regulamentado pela Lei municipal Nº 8279, de 20 de janeiro de 1999 e entre as especificações diz que é proibido propagandas "que contenham qualquer conteúdo que induza, direta ou indiretamente, à prostituição".

"[Materiais] que contenham qualquer conteúdo com teor sexual, ou que possam instigar a sexualidade, a uma distância inferior a 200m (duzentos metros) das escolas. (Redação acrescida pela Lei nº 11727/2014)".

A reportagem do UOL entrou em contato com a Prefeitura de Porto Alegre, que se manifestou em nota.

"Conforme disposto na Lei Municipal 8279, em seu artigo 51, é proibida a colocação ou fixação de veículos de divulgação (VD) que contenham qualquer conteúdo que induza, direta ou indiretamente, à prostituição. Desta forma, após tomar conhecimento do VD em questão, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (Smamus) irá notificar a empresa de propaganda", disse.

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