Inflação sobe 0,26% em setembro, puxada por aumento na gasolina
O IPCA, índice que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,26% em setembro, segundo o IBGE.
O que aconteceu
O grupo dos transportes foi o que mais impactou a inflação, com alta de 1,40%, puxada pela gasolina (2,8%). O item combustíveis teve alta de 2,70%, sendo que óleo diesel teve alta de 10,11%, e o gás veicular, de 0,66%. Já o preço do etanol caiu 0,62%.
As passagens aéreas subiram 13,47% em setembro, após recuo de 11,69% em agosto. Ainda em transportes, a alta em ônibus intermunicipal (0,42%) foi influenciada pelo reajuste de 12,90% aplicado em Salvador (2,62%), a partir de 10 de agosto.
A inflação acumulada no ano é de 3,50%. Nos últimos 12 meses, o IPCA ficou em 5,19%, acima dos 4,61% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
IPCA de setembro veio abaixo do esperado. O índice ficou abaixo das expectativas de analistas, que projetava alta de 0,34%, segundo pesquisa da Reuters. A expectativa de inflação acumulada em 12 meses era de 5,27%. No mês passado, o IPCA havia registrado alta de 0,23%.
A gasolina é o subitem que possui maior peso no IPCA. Com essa alta, acaba contribuindo de maneira importante para o resultado do mês de setembro.
André Almeida, gerente do IPCA
Comida cai pelo 4º mês seguido
Alimentos tiveram queda pelo quarto mês consecutivo (-0,71%). A redução foi puxada principalmente pelo recuo nos preços da alimentação no domicílio, com queda de 1,02%.
Preço da batata e cebola caíram, e do arroz subiu. As quedas mais expressivas foram as da batata-inglesa (-10,41%), da cebola (-8,08%), do ovo de galinha (-4,96%), do leite longa vida (-4,06%) e das carnes (-2,10%). Já o arroz (3,20%) e o tomate (2,89%) subiram de preço.
A alimentação fora de casa teve alta, mas desacelerou ante o mês anterior. A inflação do segmento ficou em 0,12%, ante 0,22% em agosto. As altas da refeição (0,13%) e do lanche (0,09%) foram menos intensas do que as observadas em agosto (de 0,18% e 0,30%, respectivamente).
Inflação por grupo
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, seis tiveram alta em setembro:
- Transportes 1,40%
- Habitação 0,47%
- Despesas pessoais 0,45%
- Vestuário 0,38%
- Educação 0,05%
- Saúde e cuidados pessoais 0,04%
- Comunicação -0,11%
- Artigos de residência -0,58%
- Alimentação e bebidas -0,71%
O que é o IPCA?
O IPCA mede a inflação para famílias de áreas urbanas com renda de 1 a 40 salários mínimos. Entre as categorias consideradas para mapear a evolução geral dos preços, estão os custos com alimentação, habitação, saúde, transporte e educação, por exemplo. O índice é calculado pelo IBGE desde 1980.
Metas de inflação
O governo definiu meta de inflação de 3,25% em 2023. Para 2024 e 2025, a meta é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo. Em 2026, a meta também será de 3%, segundo anunciado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em junho.
Impacto sobre os juros
O Banco Central acompanha a inflação para definir os juros. O IPCA é um dos principais indicadores usados pelo BC para fazer ajustes na Selic, a taxa básica de juros da economia. Quando a inflação está alta, o BC sobe a Selic para tentar conter o consumo e, consequentemente, os preços. Quando a inflação cai, a tendência é que os juros também sejam reduzidos.
A Selic está em 12,75% ao ano, após corte de 0,5 ponto. No final de setembro, o BC decidiu reduzir os juros para 12,75% ao ano, no segundo corte desde 2020. A melhora no cenário inflacionário foi um dos fatores citados para justificar o ajuste.
Inflação de setembro reforça apostas de nova queda nos juros. O último resultado do IPCA deve fazer com que o BC mantenha o ritmo de cortes na Selic, segundo especialistas ouvidos pelo UOL.
Repercussão
Os últimos dados vêm mostrando que a inflação brasileira segue mais controlada comparado aos últimos meses. O Banco Central enxerga uma melhora no cenário, mas é preciso que a inflação continue dando sinais claros de convergência para meta, principalmente, as medidas subjacentes.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research
O resultado é muito bom e reitera uma visão mais benigna da política monetária que deve continuar com cortes na taxa básica, levando a Selic para 11,75% ao final do ano. O mercado deve manter as projeções de Selic em 9% ao final do ciclo e, se isto realmente se confirmar, devemos ter um PIB mais forte em 2024.
André Perfeito, economista
Para o próximo mês, os combustíveis devem continuar dando o tom do IPCA. Como o petróleo voltou a subir por conta da guerra, podem haver novos reajustes nos preços da gasolina e diesel pela Petrobras. Com a inflação mostrando arrefecimento, esperamos que o Copom siga com cortes de 0,50% nas próximas reuniões e esse patamar de cortes não deve aumentar por enquanto devido à incerteza global.
André Fernandes, chefe de renda variável e sócio da A7 Capital