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Cliente deve gastar menos com presente de Natal com juro e comida mais cara

Natal deve movimentar R$ 74,6 bilhões na economia Imagem: Freepik

Do UOL, em São Paulo

21/12/2023 04h00

As vendas no Natal devem crescer neste ano, mas com cautela. Os consumidores vão ter menos dinheiro disponível para gastar com presentes por causa da alta no preço dos alimentos neste Natal e os juros altos também devem impactar as vendas. Esta é a opinião de especialistas ouvidos pelo UOL.

Expectativas para o Natal

O Natal deve movimentar R$ 74,6 bilhões na economia. O dado é de uma pesquisa da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) e do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito). Os consumidores pretendem comprar quatro presentes no Natal, em média, e o valor médio será de R$ 138. A CNDL afirma que as expectativas são boas para o comércio.

O comércio não quer vender a qualquer custo. É o que diz Alberto Serrentino, fundador da Varese Consultoria de Varejo. Para o especialista, o varejo está buscando vender os produtos de forma mais sustentável ao negócio e, por isso, o consumidor não deve encontrar muitas promoções. Serrentino diz que o crescimento das vendas deve ser moderado para este Natal, considerando a queda no desemprego, o aumento de renda dos brasileiros e a queda da inflação.

O que deve limitar o consumo é o preço dos alimentos. Com aumento dos preços, o consumidor tem menos dinheiro disponível para gastar com as festas de final de ano, segundo Tavares. O setor de vestuário teve um desempenho ao longo de 2023 abaixo do que o registrado em outros anos, puxado pelos preços e pela concorrência com sites internacionais que vendem peças com preços muito mais baixos.

Os bens duráveis estão mais baratos neste Natal, mas os consumidores devem comprar mais alimentos. Produtos como eletrodomésticos e eletrônicos estão mais baratos porque houve uma queda nos preços dos insumos industriais, segundo Isabela Tavares, economista e analista da Tendências Consultoria. O câmbio também favoreceu, porque com o dólar mais baixo, fica mais barato importar insumos.

A gente não deve ter um Natal de [vendas] de bens duráveis, de alto valor. Uma máquina de lavar, geladeira, um carro; as vendas ainda não vão ser tão grandes justamente porque o juro está alto, em 11,75%.
André Braz, economista e analista de inflação do FGV Ibre

As famílias devem comer melhor neste Natal, segundo Braz. Apesar de os alimentos estarem mais caros, os preços subiram menos em comparação ao mesmo período do ano passado e as lojas devem vender mais comida do que presentes. "A renda aumentou, mais famílias estão empregadas, o PIB cresceu, os preços estão mais confortáveis. As famílias vão comer melhor, o que já é um grande passo", afirma Braz.

A cautela do varejo é motivada pelos juros altos e a inflação ainda pressionando o poder de compra dos brasileiros. Gustavo Senday, analista de varejo da XP, afirma que o comércio ainda sofre com as taxas de juros, mesmo que em queda. Na última reunião, o BC decidiu cortar a Selic de 12,25% para 11,75% ao ano.

A melhora nas condições de crédito dos brasileiros deve ajudar as vendas neste ano. "A gente vê que o Desenrola está ajudando nas renegociações de dívidas, o que diminui o comprometimento de renda das famílias com os bancos, então a situação financeira das famílias está melhorando", afirma Isabela Tavares, economista e analista da Tendências Consultoria.

Nós devemos ter um Natal mantendo essa postura de conservadorismo, de busca de vendas saudáveis e com margem e lucratividade. Com uma preocupação muito grande de geração de caixa e de geração de resultado operacional que possa absorver as despesas financeiras ainda muito elevadas em função dos juros altos.
Alberto Serrentino, fundador da Varese Consultoria de Varejo

Não sei se vamos ter um Natal tão próspero. A Black Friday não foi das melhores, teve muita decepção. É difícil prever, mas não ficaria tão esperançoso de ter um crescimento tão elevado nesse Natal.
Erik Santana, CEO e fundador da Vinklo

Presentes mais buscados

Roupas lideram a lista de presentes mais buscados. Em seguida aparecem perfumes e cosméticos, calçados, brinquedos e acessórios.

As lojas físicas seguem na preferência dos consumidores para realizar suas compras de final de ano. Segundo a pesquisa, 76% pretendem realizar compras nos canais físicos, principalmente nas lojas de departamento (38%) e em shopping center (31%). Enquanto 50% tem a intenção de fazer compras pela internet, que representam 81,4 milhões de consumidores.

Os consumidores que pretendem comprar os presentes online vão priorizar os sites internacionais. A pesquisa da CNDL mostra que 65% dos entrevistados pretendem comprar os presentes de Natal em sites de lojas internacionais, 55% em sites nacionais, 44% em lojas de departamento e 34% nos classificados de compra e venda de produtos novos e/ou usados.

Os brasileiros estão sendo mais racionais na hora de comprar os presentes de Natal. É o que mostra uma pesquisa feita pela Ipsos e encomendada pelo Google Brasil. 87% dos consumidores entrevistados disseram fazer pesquisas antes de comprar. Eles estão mais atentos aos preços e promoções: 68% dos entrevistados dizem que pesquisam preços e promoções online antes de comprar. Além disso, em relação ao valor dos presentes, 24% dos entrevistados pretendem gastar até R$ 100 por presente.

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