Custo aéreo limita muito o crescimento do turismo, diz grupo de 10 hotéis

O custo aéreo hoje limita o desenvolvimento do turismo no Brasil. É o que diz Alessandro Cunha, CEO da Aviva, em entrevista ao UOL Líderes. A Aviva é dona dos complexos turísticos do Rio Quente, em Goiás, e da Costa do Sauípe, na Bahia, que juntos têm dez hotéis.

O que ele disse

Custo aéreo limita o desenvolvimento do turismo. Segundo o executivo, o país precisa de uma oferta maior de voos para reduzir os custos. Ele diz que a oferta de voos ainda não voltou aos patamares de 2019 e que há muita dependência de polos como São Paulo e Brasília, o que encarece as passagens. Com isso, o turista está viajando mais de carro: hoje, 90% dos clientes em Rio Quente viajam de carro.

Turismo chegou a um equilíbrio de preços e concorrência internacional voltou. Segundo Cunha, após um período de alta ao final da pandemia, o setor de turismo chegou a um equilíbrio de preços, e o consumidor está fazendo mais contas antes de viajar. Um fator importante é a volta da concorrência com destinos internacionais, que às vezes têm passagem mais barata do que alguns destinos nacionais.

Empresa vai investir R$ 1,2 bilhão em cinco anos. Cunha falou sobre os planos de investimento da Aviva, que devem chegar a R$ 1,2 bilhão nos próximos anos. Dentre eles estão a criação de um Hot Park em Sauípe, com investimento de R$ 300 milhões, e um clube exclusivo para sócios em Rio Quente, com investimento de R$ 200 milhões. Em 2024, a empresa deve abrir 300 vagas e, em cinco anos, espera criar mil novos empregos.

Clube de férias já é metade do faturamento da Aviva. A Aviva tem um clube de fidelidade, em que o cliente compra o direito de usar os complexos turísticos por um prazo de até 15 anos. A modalidade já responde por R$ 500 milhões em vendas ao ano, e ajudou a empresa a superar a pandemia. Em 2023, a Aviva recuperou o prejuízo acumulado na pandemia e teve faturamento de R$ 1 bilhão.

A entrevista foi gravada em 24 de novembro de 2023. Você pode assistir em vídeo no canal do UOL no YouTube ou ouvi-la no podcast UOL Líderes. Veja a seguir destaques da entrevista:

Custo aéreo

Hoje uma barreira é o custo do aéreo. Uma passagem a R$ 1.500 uma perna para Salvador realmente é caro. Está limitando muito o desenvolvimento do turismo. Precisamos ter uma oferta maior de voos para a gente poder reduzir esse custo. A gente depende muito de alguns polos, como Brasília, São Paulo. Esses destinos já estão muito saturados de voos e o custo está muito alto. Temos outras praças que precisam ser desenvolvidas e que poderiam reduzir esse custo de deslocamento.

Viagens de carro

Ainda não conseguimos chegar em uma oferta de voos próxima do que tínhamos em 2019. É um investimento alto para o cliente hoje a passagem aérea, e vimos um novo turismo nascendo, que é o turismo regional. O cliente se deslocando com o próprio veículo. Em Rio Quente hoje a gente está com mais ou menos 90% deles indo de carro. Já para o Nordeste é um pouco mais difícil, a distância é maior.

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Equilíbrio de preços

Pós-pandemia teve uma inflação muito grande, e também um aumento de demanda natural no setor. As pessoas estavam naqueles dois anos sem viajar. Depois viajaram sem fazer conta, e isso elevou muito os preços. Entendemos que já chegamos a um equilíbrio de preços. Os próximos aumentos têm que vir com aumento de qualidade de serviço. Agora a gente passa a ter novamente a opção de viagem internacional, inclusive em alguns trechos tem passagens nacionais mais caras que as internacionais. Então, não adianta. Se o produto não tiver qualidade, o cliente vai fazer conta e vai escolher viajar para fora.

Investimentos

Vamos fazer um Hot Park em Sauípe, serão mais de R$ 300 milhões investidos. Em Rio Quente, a gente está finalizando um novo restaurante, e iniciamos a renovação de um de nossos hotéis. Também estamos criando um complexo de casas com um clube exclusivo com todo o serviço de um resort. Um investimento de R$ 200 milhões. Em Sauípe vamos iniciar a renovação de um hotel, serão R$ 76 milhões de investimento. Vamos fazer em Sauípe um processo que fizemos em Rio Quente, que é uma central de produção de alimentos. Em torno de R$ 60 milhões em investimento. Estamos falando aqui de R$ 1,2 bilhão de investimentos nesses cinco anos.

Clube de férias

Nós fomos pioneiros na introdução do tempo compartilhado no Brasil, lá em 1998. O cliente compra um direito de uso para um período de tempo. Nesse período, ele tem uma pontuação, e ele tem até 15 anos para utilizar. A gente tem o maior clube de férias da América do Sul, temos quase 35 mil famílias associadas, que renovam o produto todo ano, e que viajam para os nossos destinos. Ele pode também acessar mais 4 mil resorts parceiros no mundo. Hoje a gente está próximo de R$ 500 milhões de vendas líquidas por ano.

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Quem é Alessandro Cunha

Idade: 42 anos

Local de nascimento: Morrinhos (GO)

Carreira: Está na empresa desde 2002, quando a Aviva ainda se chamava Grupo Rio Quente. Foi gerente de estratégia e inovação, diretor de novos negócios e assumiu como CEO em novembro de 2021.

Formação: Graduação em administração pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), pós-graduação em controladoria, finanças e auditoria pela ULBRA e em gestão de negócios pela Fundação Dom Cabral.

Assim é a Aviva

A Aviva tem origem na Pousada do Rio Quente, que foi fundada em 1964, em Goiás. Em 2018, o Grupo Rio Quente comprou o complexo de hotéis da Costa do Sauípe, na Bahia, e com isso mudou de nome para Aviva.

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Hotéis: 10 hotéis, com 2.700 apartamentos

Colaboradores: 3.700

Clientes: Mais de 2,2 milhões por ano

Faturamento em 2022: R$ 836 milhões
Faturamento em 2021: R$ 576 milhões

Lucro em 2022: R$ 62 milhões
Lucro em 2021: R$ 7 milhões

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