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RS: "Perdi minha cozinha que levei 10 anos para montar", diz confeiteira

Bibiana Loureiro, dona da doceria Consuela's Brownies, de Porto Alegre: cozinha foi toda perdida Imagem: Reprodução/redes sociais

Márcia Rodrigues

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/05/2024 04h00

A empresária Bibiana Loureiro demorou 10 anos para equipar toda a cozinha da Consuela's Brownies, sua confeitaria. Há quatro anos, a empresa também ganhou uma charmosa loja, no centro de Porto Alegre (RS), para somar à produção e venda de brownies - seu carro-chefe - bolos, palha italiana, bolo de pote e outras guloseimas. Na última quinta-feira, viu tudo ser coberto pelas águas que inundaram a cidade e acredita ter perdido tudo.

Antes do dia da inundação, Bibiana conta que a cidade já estava um caos e que estava trabalhando do jeito que dava. Chegou, inclusive, a pagar Uber para os funcionários irem trabalhar. "Em nenhum momento eu pensei que a água chegaria até lá. Só acreditei quando meu marido falou que no mapa da defesa civil a região estava na lista das que corriam período de inundação."

Na hora que as águas chegaram ao local, não tinha ninguém na loja. Bibiana diz que não tem seguro e estima que tenha um prejuízo de R$ 50 mil com os equipamentos.

"Eu dispensei os funcionários e entreguei a loja nas mãos de Deus. É hora de ajudar e salvar o maior número de pessoas. Tem gente que perdeu tudo e está nas ruas fazendo resgates. Não dá para deixar as pessoas em segundo plano. No momento, temos outras prioridades"

A água ainda está muito alta, não tem como chegar lá. Antes de fecharmos as portas, depois do alerta da defesa civil, levantamos tudo o que deu, com paletes, mas não adiantou. A água cobriu tudo.
Bibiana Loureiro, dona da Consuela's Brownies

Aliás, Bibiana acredita que a maior força-tarefa para resgatar as pessoas é da própria população. "Se dependesse somente do governo, exército, bombeiros e defea civil, eles não conseguiriam salvar o número de pessoas e animais que estamos salvando."

Neste momento, Bibiana, o marido e a filha estão na casa dos sogros, em uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre. Antes de partir, ela juntou dinheiro de doações - algo em torno de R$ 20 mil - e comprou cobertores, água potável e outros itens essenciais para as primeiras pessoas que foram para abrigos.

Sem seguro, fábrica de bolsas estima perdas de R$ 40 mil

O empresário Paulo Ricardo Azeredo Pires é dono da fábrica bolsas, pastas e mochilas Horizonte, em Porto Alegre. Ele diz que começou o boato de que uma das comportas do sistema de proteção contra cheias de Porto Alegre se rompeu, ele e os funcionários correram para subir os equipamentos nas partes mais altas, e foram embora.

As máquinas de costura, principais equipamentos dele, no entanto, ficaram no chão por serem muito pesadas.

Não sei ainda o que perdi porque a água ainda não baixou e não consegui chegar perto. Moro perto da fábrica e vi que a água está batendo no peito das pessoas.
Paulo Ricardo Azeredo Pires, dono da fábrica Horizonte

Pires estima que seu prejuízo chegue a R$ 40 mil incluindo maquinário e estoque. Seu seguro só cobre incêndio. Um de seus funcionários precisou ir para abrigo porque sua casa foi atingida. "O bairro está irreconhecível. Tudo alagado. Tenho sorte de toda a minha família estar bem e em segurança."

600 mil micro e pequenas empresas devem ter sido atingidas

Segundo o Sebrae, o estado do Rio Grande do Sul tem 1,5 milhão de micro e pequenas empresas ativas. A entidade estima que 600 mil delas tenham sido afetadas diretamente com as inundações.

No início da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou uma série de ações do governo federal para lidar com os efeitos dos desastres no Rio Grande do Sul. Entre as providências, está a viabilização de uma linha de crédito para empresas afetadas.

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