Dona de loja de vinhos alagada no RS: 'Ainda não consigo medir prejuízo'

Gisa Guerra, 40, é dona da Vinhos por Aí, uma loja especializada na venda de vinhos nacionais. O espaço fica localizado no bairro Humaitá, em Porto Alegre (RS), região que foi afetada pelas enchetes, e, agora, a empresária não sabe qual a situação de sua loja. A única certeza é de que o local está cheio de água, que deve ter perdido a maior parte dos vinhos que tinha e que arcará com prejuízo — que ainda não é possível de calcular.

O que aconteceu

A empresária tentou minimizar a situação quando a água começou a chegar em Porto Alegre. Guerra afirma que, na sexta-feira (3), colocou grande parte dos vinhos da loja nas prateleiras mais altas, contando que a água não chegaria ao teto da loja. Como ainda não conseguiu voltar ao estabelecimento desde a enchente, ainda não sabe se a estratégia foi efetiva para salvar parte dos produtos.

A loja é uma sala retangular, com prateleiras e uma mesa de madeira. Lá, Guerra promovia eventos de degustação harmonizada com vinhos, além de vender as garrafas aos clientes. A loja também tinha outros móveis, comportava todo o estoque de Guerra e um freezer.

No sábado (4), a água estava mais próxima da loja. Guerra estava na casa dos pais desde sexta, já que não tinha conseguido voltar para a sua casa, no bairro Jardim Lindóia, porque as ruas da região já estavam bloqueadas pela água. Ela foi então para a casa dos pais, que fica próxima ao seu negócio. Conta que ouviu disparos durante uma das noite e que comércios da região foram saqueados.

Eu não sei da minha loja. Não sei dizer se foi arrombada ou não. Tentei contato com a polícia e eu entendo que o foco é o resgate das pessoas, porque ainda têm relutância em saírem [de suas casas].
Gisa Guerra, dona da Vinhos por Aí

De domingo para segunda-feira (6), Guerra e a família decidiram deixar a casa dos pais. Ela estava com os dois filhos e os pais, que são idosos. Eles foram resgatados por um barco e levados até um ponto seguro. Depois, foram para a casa de Guerra, que fica no bairro Jardim Lindoia, que não foi afetado pelas chuvas.

Na madrugada de domingo para segunda decidimos sair, porque a água começou a subir mais e mais, meus pais são idosos. Eu estava com meus dois filhos, era a decisão mais acertada, mas é muito difícil. É um misto de impotência de querer ficar para ficar perto do teu patrimônio, porque levou muito tempo para construir.
Gisa Guerra, dona da Vinhos por Aí

Prejuízo

Guerra afirma que não faz ideia de quando vai conseguir voltar à loja. O que a empresária sabe é que, seu carro, que estava nos fundos do comércio, estava apenas com parte do teto para fora da água.

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Sempre trabalhamos, sempre levamos as coisas de uma maneira correta. Agora é uma mescla de sentimentos, não tenho a menor noção de quando será possível retornar. Uma certeza de que vai ter sobrado muito pouco, se sobrou e que vamos ter muito trabalho, muito prejuízo.
Gisa Guerra, dona da Vinhos por Aí

Como só trabalhamos com vinhos nacionais, é uma loja relativamente pequena, mas tínhamos bastante vinícolas no portifólio. Tínhamos poucas garrafas, mas de muitas vinícolas. Tudo que eu tenho estava lá. Não consigo medir o prejuízo.
Gisa Guerra, dona da Vinhos por Aí

Guerra afirma que não tem condições emocionais de pensar em como será quando a água baixar. Por enquanto, o foco está em avaliar o tamanho dos estragos na casa de seus pais, que ainda não sabem a situação, e só depois vai pensar no seu negócio.

Estou tentando juntar forças, porque vai ser preciso voltar lá para esse baque de como vamos encontrar as coisas, tanto quanto o baque de abandonar as coisas. Meus pais são idosos e a pior sensação foi ver eles em cima do barco deixando tudo para trás. Eu estou me preparando para dar esse apoio para eles e depois pensar no negócio em si, no retorno das atividades em outro lugar ou não retorno.
Gisa Guerra, dona da Vinhos por Aí

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