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Dia, Polishop, Starbucks: sete empresas que estão em crise no Brasil

Imagem: Divulgação/Dia

Do UOL, em São Paulo

07/06/2024 04h00

O Brasil vive uma onda de pedidos de recuperação judicial. O número de empresas que jogaram a toalha e acionaram a Justiça cresceu 80% nos quatro primeiros meses deste ano, em comparação ao mesmo período do ano anterior.

Os dados são do Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian, que mostram 685 pedidos nos quatro primeiros meses deste ano, contra 382 no intervalo anterior. No ano passado, os pedidos já haviam acelerado 68,7% ante 2022, ano em que começou a trajetória de alta dos pedidos de recuperação judicial.

O mercado vê o movimento como um efeito da alta dos juros no total dos passivos, que fizeram as dívidas das empresas dispararem entre 2021 e 2022.

A seguir, veja empresas que entraram em recuperação judicial recentemente ou estão em crise.

Dia

Imagem: Dia/Divulgação

A rede espanhola Dia entrou em março deste ano com pedido de recuperação na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, por causa de uma dívida de R$ 1,1 bilhão.

A operação brasileira da rede de supermercados foi vendida para um fundo em meio a uma crise que envolve a concorrência com o atacarejo e lojas sucateadas.

A venda da operação brasileira do Dia foi anunciada na sexta-feira (31). O negócio foi vendido pelo valor simbólico de 100 euros para um fundo estruturado pela MAM Asset Management, que pertence ao Banco Master.

Em março, o Dia anunciou o fechamento de mais de 300 lojas e três centros de distribuição no Brasil. A decisão veio após resultados negativos no último ano.

Polishop

Imagem: Divulgação

A Justiça de São Paulo aceitou, no dia 20 de maio, o pedido de recuperação judicial da rede de varejo Polishop. A dívida acumulada da empresa é de R$ 395 milhões. Dezenas de lojas da rede foram fechadas desde 2023.

Em abril, a empresa obteve proteção judicial contra credores e ordem de despejo. A decisão deu um fôlego à varejista para que as atividades nas lojas não fossem suspensas.

A decisão da Justiça determina que a Polishop apresente as suas contas mensalmente, sob pena de afastamento dos seus controladores e administradores. Isso inclui extratos, impostos e encargos sociais que a empresa venha a ter.

Starbucks

Imagem: Getty Images

Em outubro de 2023, quem também entrou com pedido de recuperação judicial foi a SouthRock Capital, administradora de marcas internacionais no Brasil como Starbucks, Subway e Eataly.

O fundo de investimentos diz que a decisão foi tomada para proteger financeiramente algumas de suas operações no país e ajustar seu modelo de negócio à realidade econômica.

O pedido na Justiça cita dívidas de R$ 1,8 bilhão. A decisão ocorreu dias após a Starbucks Brasil ter perdido o direito de uso da marca no país. Segundo a SouthRock os desafios econômicos resultantes da pandemia, a inflação e as taxas de juros elevadas agravaram os desafios para o negócio.

A Zamp, que controla o Burger King e o Popeyes no Brasil, anunciou a compra da rede de operações do Starbucks por R$ 120 milhões nesta quinta-feira (6). A efetivação do negócio ainda depende da análise e da autorização do Judiciário.

Já a controladora da marca Subway nos Estados Unidos afirma ter rescindido o contrato de franquia com a empresa brasileira em outubro de 2023, retomando o controle de suas operações no país.

Americanas

Imagem: Mauro Pimentel/AFP

Em janeiro de 2023, o anúncio de um rombo de R$ 20 bilhões nas contas da Americanas causou rebuliço no noticiário econômico. A dívida levou a empresa à recuperação judicial.

A fraude contábil das lojas Americanas, seguida do pedido de recuperação judicial, fizeram suas ações serem excluídas de todos os índices da Bovespa, a bolsa brasileira. Desde então, os investidores monitoram o processo de ajuste da companhia.

No mês passado, a empresa adiou a divulgação de suas demonstrações financeiras relativas ao ano de 2023 e do primeiro trimestre de 2024, estimada para 28 de maio. A companhia pretende divulgar os resultados até 31 de julho.

No final do mês, as ações da Americanas foram vendidas a R$ 0,34, a menor cotação histórica da empresa.

Grupo Petrópolis

Imagem: Getty Images/iStockphoto

A Justiça do Rio de Janeiro homologou em outubro do ano passado o plano de recuperação judicial do Grupo Petrópolis, dono de marcas de cerveja como Itaipava e Petra. A companhia também é dona da cerveja Crystal e do energético TNT, entre outras marcas.

O processo de recuperação judicial estimava uma dívida inicial de R$ 4,2 bilhões.

Fundado na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, o grupo se apresenta como a maior empresa com capital 100% nacional do setor, com oito fábricas no país, além de centros de distribuição.

M.Officer

Imagem: Divulgação/M. Officer

Outra empresa que entrou em recuperação judicial em 2023 foi a M5, proprietária da marca M.Officer.

Em setembro do ano passado, o grupo teve seu pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça de São Paulo. A dívida da companhia é estimada em cerca de R$ 53,6 milhões.

Criada por Carlos Miele há 30 anos, a empresa tem 12 lojas físicas em São Paulo, Bahia, Santa Catarina e no Distrito Federal, além de e-commerce. A marca de roupas, que já vestiu estrelas como Beyoncé e Bruna Marquezine, ganhou espaço sobretudo no segmento de roupas jeans.

Com presença constante em semanas de moda internacional, a empresa entrou em crise financeira devido à queda de 91% nas vendas durante a pandemia da covid-19, segundo representantes da companhia.

123 Milhas

Imagem: Danilo Verpa/Folhapress

Por fim, o caso da 123 Milhas foi um dos mais comentados do ano passado e que tem desdobramentos até hoje. A agência de viagens entrou com pedido de recuperação judicial em agosto de 2023, com pedido na Justiça de Minas Gerais.

A empresa tinha parte da operação em venda de pacotes da linha promocionais e não atingiu o resultado que esperava. Mesmo a expectativa de que os clientes adquirissem outros produtos atrelados à viagem não ocorreu.

Além disso, a 123 Milhas diz que a crise foi agravada pelo "inesperado aumento e persistência dos altos dos preços das passagens no período pós-pandemia".

Na semana passada, a Justiça de Minas Gerais ordenou que a empresa tenha um site com todas as informações para consulta de consumidores que foram lesados pela não entrega de serviços.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado, a Bloomin' Brands, dona do Outback, não se enquadra na lista das empresas que entraram em recuperação judicial recentemente ou estão em crise no Brasil. Companhia teve redução na receita no primeiro trimestre do ano, mas operação no país permanece sólida. A informação foi retirada do texto.

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