IA transforma gestão de fazendas e aumenta a produtividade
Danielle Castro
Colaboração para o UOL, de São Paulo
07/06/2024 04h00
O uso de Inteligência Artificial no campo já é um dos ativos mais importantes para o agronegócio brasileiro, trazendo customização de soluções a baixo custo, redução de cerca de 90% no uso de pesticidas e incrementos de produtividade que chegam a 10 sacas por hectare. Na prática, ampliando a produtividade em até 10 sacas.
Para Henrique Nomura, CTO da Solinftec, uma das maiores do mundo em tecnologia para o campo, o mercado de IA no Brasil está em crescimento exponencial, abrangendo desde grandes propriedades até pequenas explorações familiares. "A IA tem o potencial de democratizar o acesso às tecnologias agrícolas, tornando-as acessíveis a produtores de todos os portes, oferece uma alternativa mais inclusiva e econômica", aponta.
José Bueno, diretor de vendas Latam da PTx Trimble, diz que o uso de tecnologias com IA no campo tem afetado os resultados, pois, além das tarefas mecanizadas, promove ainda uma verificação mais minuciosa dos processos.
[Traz] visibilidade e antecedência de problemas climáticos, planeja os melhores caminhos, desde o plantio até a pulverização, colheita e logística agrícola. Isso tudo permite mais agilidade, análise adequada de insumos e redução significativa de custos e impacto ambiental
José Bueno, diretor de vendas Latam da PTx Trimble
Custo-benefício do uso da IA no campo
IA reduz o uso de pesticidas nas plantações. Em um setor em que pragas, doenças e ervas daninhas podem reduzir a produtividade em cerca de 40%, a IA é vista como um divisor de águas. As soluções incluem desde redução no custo por hectare até o desenvolvimento de produtos baseados em dados que custam uma fração do preço das grandes máquinas e moléculas de produtos químicos produzidas nos modelos antigos.
Fazenda robotizada
Robôs contra ervas daninhas. O Grupo Baumgart, em Goiás, anunciou este ano que colocará todo o controle de ervas daninhas de uma fazenda de soja e milho sob a responsabilidade de 11 robôs Solix AG Robotics da Solinftec.
Propriedade robotizada. Será a primeira propriedade robotizada do Brasil e as operações começam em setembro, inspiradas nos resultados obtidos ano passado em lavouras de grãos e cana. As operações dos Solix serão feitas de forma totalmente autônoma e também devem gerar indicadores de produtividade e redução de custos.
Tecnologia brasileira faz sucesso dentro e fora do país
Robôs atuam em fazendas no Brasil e EUA. Segundo a Solinftec, existem 40 Solix trabalhando em grãos e 10 em cana no país, sendo que, até o final do ano, outros 40 robôs do tipo começam a operar no Brasil e mais 40 nos EUA.
Redução de químicos. A empresa afirma ainda que o Solix foi capaz de reduzir em mais de 90% o uso de herbicidas em fase de pós-emergência e operações de dessecação e pré-plantio em culturas de grãos e de 85% dos químicos quando comparado a pulverização convencional. Na cana-de-açúcar, o robô conseguiu reduzir em 45% o volume de herbicida em aplicações na pós-emergência.
Brasil é um dos principais mercados. De atuação global, a PTx Trimble vê o Brasil como "um dos mais importantes mercados quando falamos em produção de alimentos e tecnologia na agricultura" e, segundo Bueno, o potencial de customização das soluções para o agro é o que há de mais surpreendente neste novo cenário.
O produtor pode ajustar as soluções conforme seu desejo, independente da cultura. A tecnologia ganha cada dia mais destaque no agronegócio por justamente ser a solução mais inovadora, assertiva e democrática.
José Bueno, diretor de vendas Latam da PTx Trimble
Agricultura de precisão
IA nas fazendas. Chamada de Alice, a primeira plataforma com IA da Solinftec foi lançada em 2018. "Alice tornou-se o sistema operacional das fazendas, revolucionando a maneira como as atividades são conduzidas", conta Henrique Nomura, CTO da Solinftec.
Soluções de rastreamento e monitoramento. A empresa oferece atualmente produtos complementares para lavoura, como certificado digital de rastreabilidade e o monitoramento de clima. "Estamos há mais de 15 anos trabalhando com a orquestração de colheitas e, hoje, essas soluções são amplamente adotadas pelas usinas e se tornaram um padrão no mercado de cana-de-açúcar", conta o CTO.
Tecnologia é bem-vinda. A integração dos programas de monitoramento de colheita com a ação dos robôs também têm sido bem recebida por produtores de grãos e fibras. "Eles percebem uma melhoria significativa na eficiência. Esse alinhamento entre tecnologia e práticas agrícolas tradicionais está pavimentando o caminho para uma agricultura cada vez mais moderna e eficiente", reforça Nomura.
Sustentável
IA une produção e sustentabilidade. De acordo com Nomura, a IA tem unido o que antes era visto como oposto, transformando significativamente a produtividade e a sustentabilidade na agricultura. "Eu ouso dizer que a IA está se tornando um dos principais insumos para a agricultura moderna e sustentável, elevando a gestão e a aplicação do conhecimento a um novo patamar", afirma Nomura.
Uso de câmeras por robôs. No caso do Solix, o robô utiliza câmeras para reconhecer pragas, ervas daninhas e doenças sem afetar o ecossistema local ou compactar o solo. "É um robô autônomo, alimentado por energia elétrica gerada por suas próprias placas solares e totalmente orientado por meio de algoritmos de visão computacional e machine learning", diz Nomura.
Menos impacto ambiental. Na PTx Trimble, o destaque é tecnologia do Weedseeker 2, que analisa em segundos qual a planta precisa receber defensivo e aplica de maneira direcionada a quantidade adequada de produto. "Além de cortar gastos desnecessários com os investimentos nos herbicidas, isso diminui o impacto ambiental nas lavouras, menos água e defensivos", diz Bueno.