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O que o mercado financeiro espera para a Selic nesta semana

Juros-elevados

Alexandre Novais Garcia

Do UOL, em São Paulo

18/06/2024 04h00

O Copom começa nesta terça-feira (18) a primeira etapa da reunião que pode colocar um ponto final no ciclo de cortes da taxa básica de juros da economia nacional, a Selic. Para analistas do mercado financeiro, a interrupção dos cortes, que começaram em agosto do ano passado, é motivada pelos ruídos fiscais, a desvalorização do real e a taxa de juros nos Estados Unidos.

O que aconteceu

Mercado financeiro vê fim do ciclo de quedas da taxa Selic. As recentes perspectivas dos analistas, divulgadas pelo boletim Focus desta semana, mostram que os juros básicos serão mantidos em 10,5% ao ano no veredito da próxima quarta-feira (19). Se confirmada, a decisão vai representar o termino da trajetória de cortes que derrubou a Selic em 3,25 ponto percentual nos últimos sete encontros do Copom.

Mas isso ainda não é unanimidade entre os analistas. Há instituições financeiras com expectativas de novos cortes da Selic, e que esperam que a Selic chegue a 10% ao ano. A decisão final, no entanto, ainda pode esbarrar em pressões políticas, evidenciadas na última reunião do Copom.

No começo do ano, expectativa era de que a Selic chegasse a 9% ao ano. Mas, para os próximos anos, as apostas são de mais cortes. Em 2025, deve terminar em 9,5% ao ano e, em 2026, em 9% ao ano. "Se o governo fizer o dever de casa e controlar minimamente os seus gastos, isso favorece muito o mercado emergente. Tem uma oportunidade muito boa na mesa para o Brasil capturar", diz Nobile sobre as previsões futuras.

O que pode afetar a decisão do BC

Incertezas de gastos do governo impactaram essa revisão. Os recentes atritos a respeito do controle dos gastos públicos fizeram o dólar disparar. "O déficit fiscal maior pode levar a um aumento da dívida pública, afetar a confiança dos investidores e, consequentemente, as expectativas inflacionárias", explica Rodrigo Romero, economista da Levante Inside Corp.

Esses últimos acontecimentos reforçam a expectativa para o encerramento do ciclo de queda da Selic.
Rachel Sá, chefe de economia da Rico

Taxa de juros elevada nos Estados Unidos preocupa. No cenário externo, os passos do Federal Reserve, o BC dos EUA, são acompanhados com cautela. Na semana passada, o banco manteve os juros inalterados em 5,5% ao ano e indicou apenas um corte de 0,25 ponto percentual em 2024. A percepção negativa considera que uma diferença menor com a Selic tende a migrar os investidores para o mercado norte-americano.

Não acho que vai impactar nessa reunião, mas para as próximas, porque faz muito mais sentido para o investidor ter um retorno de 5% em renda fixa nos Estados Unidos do que se arriscar vindo para o Brasil.
Renato Nobile, analista da Buena Vista Capital

Reunião anterior teve divisão

Última reunião entre diretores do Copom evidenciou riscos. No encontro que reduziu a taxa Selic em 0,25 ponto percentual, para os atuais 10,5% ao ano, a decisão foi dividida, com quatro votos favoráveis ao corte de 0,5 ponto percentual. Na ata da reunião, o comitê demonstra preocupação de alguns membros do colegiado com as variações de preços dos serviços e dos alimentos.

Consenso entre os diretores é esperado na decisão de amanhã. Com a atualização do cenário econômico, a aposta do mercado é por um veredito aprovado por todos os diretores da autoridade monetária. "A unanimidade na decisão enviaria um sinal claro de coesão e determinação, crucial para a ancoragem das expectativas de inflação", diz Romero.

Esperamos que o Copom indique que o aumento da incerteza requer cautela adicional na condução da política monetária, com os membros do comitê, unanimemente, optando por comunicar que a política monetária deve ser manter contracionista pelo tempo que for necessário.
Mario Mesquita, economista-chefe do Itaú, em relatório divulgado na última sexta-feira (14)

Alguns membros, como Galípolo, que aspiram a posições futuras de liderança, podem estar inclinados a alinhar suas decisões às expectativas do governo atual. Votar com o presidente atual do BC pode ser visto como um voto contra as preferências do governo, gerando dilemas internos para os membros do comitê.
Rodrigo Romero, economista da Levante Inside Corp

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