Hard Rock quer 'invadir' o Brasil com cassinos; 3 hotéis já estão em obras
Do UOL, em São Paulo
20/06/2024 04h00
O Hard Rock, popular rede global de hotéis, tem a intenção de trazer cassinos para o Brasil caso seja aprovado o projeto de lei que libera os estabelecimentos no país, disse o ministro do Turismo, Celso Sabino, ao jornal O Estado de S. Paulo nesta semana. A proposta será discutida na próxima quarta-feira (19) após vários adiamentos.
A rede de hoteis tem planos para erguer construções em oito locais, mas no momento são três obras em andamento.
O que aconteceu
Celso Sabino disse que o diretor-executivo da rede, Jim Allen, espera a aprovação do projeto para "decidir onde construir alguma coisa aqui". O UOL tentou contato com o Ministério do Turismo para mais informações, mas não teve retorno até a publicação da matéria. O espaço segue aberto.
Segundo Sabino, a rede prevê expansão de unidades no país. A ideia seria integrar os cassinos àquelas já em construção —são quatro: em Fortaleza e Jericoacoara (CE), Sertaneja (PR) e Gramado (RS).
O projeto dos resorts integrados com cassinos, sem dúvida nenhuma, vai proporcionar um interesse ainda maior nas grandes redes. Celso Sabino, à Coluna do Estadão nesta semana
Como serão os hotéis de luxo já em construção?
Os grandes empreendimentos são de alto padrão e ambientados na temática musical, característica da rede. No site, a descrição indica uma ampla rede de lazer, com restaurantes, spas, piscinas e lojas, além de espaços para conferências e eventos. Veja abaixo o que cada unidade promete:
Fortaleza
O resort à beira-mar terá duas piscinas, três restaurantes e bares. O empreendimento recebe o nome de Fortaleza, mas fica na Praia de Lagoinha, no município de Paraipaba, a mais de 100 quilômetros da capital cearense.
Serão 535 quartos, com reservas para até 14 pessoas (uma casa com quatro quartos). Também há o anúncio de programações para todas as idades, como aulas de música para adolescentes, incluindo a estrutura de um estúdio de gravação e um complexo de bem-estar, com spas, centro fitness e salão de beleza.
Jericoacoara
Em um dos destinos turísticos mais populares, o hotel terá 575 acomodações e duas mega piscinas, segundo o anúncio. A localização é descrita como privilegiada, na Lagoa do Paraíso.
E a arquitetura será inspirada em resorts asiáticos, com elementos que lembram Bali (Indonésia) mesclados à cultura cearense.
Sertaneja (Ilha do Sol)
A unidade fica na Ilha do Sol, região turística no norte do Paraná. Serão 509 acomodações, incluindo chalés e bangalôs.
Foi anunciada uma piscina que permite ouvir música debaixo d'água e opções aquecidas com "águas naturais" —incluindo para os spas. O restante do complexo de lazer será semelhante à unidade de Fortaleza e existirão opções de lazer voltadas para o "lazer náutico" da região, com práticas como windsurf e passeio por represas.
Gramado
É o maior projeto da rede no Brasil, com investimento de R$ 1 bilhão. A arquitetura respeitará o Plano Diretor de Gramado, com construções horizontais, sem grandes torres.
Serão 15 anos para completar o projeto, que soma 838 acomodações. Mas a obra é dividida em três etapas, e a previsão de início das operações é em 2027, com 430 quartos. O complexo ainda inclui: cinco restaurantes, shopping, espaço ao ar livre, centro de eventos, área VIP e para shows.
As acomodações trazem imagens de artistas. Além disso, os hóspedes poderão solicitar aparelhos de música nos próprios quartos, como caixas amplificadoras de som e fones.
Imbróglio marca chegada da rede ao Brasil
Projeto bilionário. O projeto de oito unidades foi avaliado em R$ 8 bilhões e anunciado há mais de seis anos.
Sem unidades prontas. A previsão das primeiras unidades era para 2020, mas nenhuma deles está pronta e o número de empreendimentos foi reduzido para quatro.
Multa milionária. Esses atrasos levaram o Ministério Público do Ceará a multar a empresas em R$ 12 milhões no ano passado, pelo atraso na entrega da unidade na Praia da Lagoinha.
Suspeita de fraude. A VCI, uma das responsáveis pelos empreendimentos no Brasil, também entrou na mira de investigações da Polícia Federal por emissões suspeitas no mercado de capitais.
Entenda o PL dos jogos de azar
O projeto de lei (PL) 2.234/2022 autoriza o funcionamento de cassinos, bingos e legaliza o jogo do bicho (considerado contravenção penal). Chamado de "PL dos jogos de azar", o texto seria debatido na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado na última quarta-feira (12), mas teve a análise adiada após alterações no texto pelo relator, o senador Irajá (PSD-TO)
Davi Alcolumbre (União-AP), presidente da CCJ, afirmou que a votação será na próxima quarta-feira (19). Esse é o último adiamento, segundo o senador, porque a proposta está em tramitação há mais de um ano.
A proposta libera a instalação de cassinos em polos turísticos ou complexos de lazer. É o caso de hotéis de luxo, restaurantes, bares ou locais de reuniões e de eventos culturais.
Há resistência dos parlamentares e de organizações religiosas, que destacam os riscos de jogos de azar —como endividamento e vício em apostas.
Do outro lado, o senador Irajá defende que os jogos de azar já são uma realidade no Brasil. O parlamentar diz que o projeto permitiria o controle do Estado, mitigando eventuais vínculos entre os jogos de azar e o crime organizado.
*Com informações da Agência Brasil