Venda de computador é carro-chefe, e Positivo quer crescer com serviços

A venda de computadores ainda é o carro-chefe da Positivo, mas a empresa está investindo na diversificação de portifólio, apostando em serviços de tecnologia. O CEO da Positivo, Helio Rotenberg, afirma, em entrevista exclusiva ao UOL, que a empresa quer ser conhecida como uma grande marca de tecnologia e não apenas pela venda de dispositivos.

Diversificação

A empresa era focada apenas na fabricação e venda de dispositivos. A partir de 2017 começou a mudar o posicionamento, devido à queda no número de venda de computadores. Rotenberg diz que o mercado como um todo vendeu 16 milhões de unidades em 2012, número que caiu para 4,5 milhões em 2015, e voltou a subir para 9 milhões em 2023.

Foco é ampliar oferta de serviços. O primeiro passo foi criar uma área que prestava serviço de conserto de computadores. Em 2024, compraram a Algar TI para acelerar a entrada da empresa no setor de serviços de tecnologia. A Positivo divulgou lucro líquido de R$ 64 milhões no primeiro trimestre de 2024. O valor é 655% maior que no último ano e o resultado foi impulsionado pela diversificação do negócio, segundo o executivo.

Fortalecemos a nossa pegada de serviços, porque colocamos lá atrás que precisamos ter segmentos recorrentes e com margens um pouco maiores. Estamos indo para o lado de serviços para que seja uma parte significativa do nosso orçamento, compondo o nosso portifólio, que era muito 'hardware oriented'.
Helio Rotenberg, CEO da Positivo

Líder de vendas

Helio Rotenberg é o CEO da Positivo
Helio Rotenberg é o CEO da Positivo Imagem: Divulgação/ Positivo

Os computadores ainda são o líder de vendas da Positivo, representando 40% da receita bruta da companhia. Em segundo lugar aparecem os smartphones. Rotenberg diz que a forma de vender computador mudou ao longo do tempo. Antes o varejo físico era mais significativo ao negócio, enquanto hoje há um aumento das vendas online.

Rotenberg diz que Positivo era o "rei da classe C/D". Hoje em dia continua vendendo para esse público, principalmente em lojas físicas que disponibilizam o pagamento por crediário, mas também vendem para empresas, instituições públicas e atuam no aluguel de computadores. A Positivo também foi a responsável pelas urnas eletrônicas na eleição de 2022.

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Investimento

A empresa investiu em publicidade para comunicar que quer ser mais do que uma companhia que vende computadores. Rotenberg espera que a Positivo seja conhecida como uma grande empresa nacional de tecnologia e não só como a que vende computadores.

A expectativa é de fazer um investimento entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões em 2024. O executivo afirma que este é o investimento médio anual e que a maior parte dos recursos é designada a pesquisa e desenvolvimento, enquanto uma parte menor vai para as fábricas.

A Positivo não tem intenção de fazer novas compras de outras companhias no curto prazo. O momento é de ajustar as compras que foram feitas e fazer a integração da melhor forma, segundo Rotenberg.

Americanas

A Americanas é um dos clientes da Positivo. Rotenberg afirma que já receberam tudo o que a varejista devia, depois de a Americanas ter entrado em recuperação judicial e que hoje a Positivo vende normalmente para a compradora.

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A gente continua vendendo bem. A Americanas tem um ponto de venda bom para tablet, smartphones, uma série de produtos nossos.
Helio Rotenberg, CEO da Positivo

Juros e desafios

Queda na taxa de juros dá um fôlego ao negócio. O Copom (Comitê de Política Monetária) já fez sete reduções nas taxas de juros desde o ano passado. Os cortes começaram em agosto de 2023, quando a taxa caiu de 13,75% para 13,25%. Hoje a taxa está em 10,5% ao ano.

Empresas de tecnologia precisam de muito capital de giro para funcionarem. O recurso fica mais caro quando a taxa de juros sobe. "Chega o navio [com peças], produzimos, distribuímos para o Brasil inteiro. Os clientes demoram a pagar. O ciclo de caixa é bastante grande e os juros afetam bastante. A taxa caindo dá fôlego para as empresas investirem mais e produzirem mais. Estamos bastante otimistas e o mercado está respondendo. Não vou dizer que o mercado está maravilhoso, mas ele está bem, melhor do que ano passado e crescendo", afirma Rotenberg.

A reforma tributária é vista com bons olhos. No entanto, Rotenberg diz que a execução da reforma dependerá da forma como ela for regulamentada e que, se de fato simplificar o sistema tributário, as empresas têm muito a ganhar.

Para o executivo, há dúvidas sobre o período de transição. O governo federal propôs um tempo em que dois sistemas tributários vão conviver ao mesmo tempo até que as novas regras sejam completamente implementadas.

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A grande concorrência da Positivo na venda de equipamentos vem de multinacionais. Já na área de serviços há outras empresas brasileiras que são fortes, na visão de Rotenberg.

Mercado de tecnologia

A Positivo tem uma participação importante no mercado de tecnologia. É o que diz Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail. A marca nasceu com a venda de sistemas de educação, migrou para os computadores, onde conseguiu criar um negócio de sucesso, na visão de Serrentino. O foco da companhia sempre foi criar produtos de venda em escala, para a massa, com distribuição no varejo, o que aumenta sua competitividade.

As empresas que produzem no Brasil atuam basicamente com a montagem dos eletrônicos. A maior parte dos componentes vem do exterior. As peças são trazidas para cá, onde as fábricas são responsáveis por unir os componentes e montar os dispositivos. Em cenários de juros mais altos e crédito mais escasso, o varejo de bens duráveis é mais pressionado.

Estamos em um ciclo de perspectiva de melhora. Os juros tão caindo lentamente, bem menos, mas tiveram uma pequena queda, o crédito está voltando aos poucos, a massa salarial está evoluindo. Isso já está trazendo [resultados], tanto é que o primeiro trimestre já começou a mostrar dados bem melhores na venda de duráveis. Foi um biênio duríssimo de 2022 e 2023.
Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail

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