Lula tenta apoio da Itália contra ressalvas da UE a acordo com Mercosul

O presidente Lula (PT) criticou hoje algumas condições da União Europeia para o acordo com o Mercosul, em encontro com o presidente italiano, Sergio Mattarella, no Palácio do Planalto.

O que aconteceu

Lula se disse contra as cláusulas que envolvem redução da taxa de carbono. Com o objetivo de reduzir a emissão do gás, o bloco europeu instituiu uma taxação para importação de produtos que gerem CO2. Segundo o brasileiro, isso atrapalha nossas importações.

O presidente chamou a medida de "unilateral" e contraditória. "A redução das emissões de CO2 é um imperativo, mas não deve ser feita com base em medidas unilaterais que vão impactar as vidas dos produtores brasileiros e dos consumidores italianos", disse Lula, na declaração à imprensa.

Explicitei [a Mattarella] que o avanço das negociações depende de os europeus resolverem suas próprias contradições internas. Medidas como a taxa de carbono imposta de forma unilateral pela União Europeia podem afetar cinco dos dez produtos brasileiros mais exportados para o mercado italiano.
Lula, em encontro com presidente italiano

A fala é parte de um esforço de Lula para tentar fechar o acordo que se enrola há anos. O brasileiro tem tratado do tema com todos os líderes europeus que visitam Brasília, incluindo o presidente francês, Emmanuel Macron, um dos grandes opositores da assinatura.

Mattarella chegou ao Brasil nesta manhã. Os dois tiveram uma reunião bilateral no Planalto, assinaram acordos de cooperação entre os países e devem almoçar no Palácio Itamaraty. O italiano irá ainda a Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia.

UE-Mercosul

O acordo de livre comércio está estacionado desde fevereiro, quando a Comissão da UE afirmou que o Mercosul "não atendeu condições para concluí-lo". O processo tem travado em especial pelas exigências sobre sustentabilidades impostas pelos europeus para a indústria e agricultura latino-americana.

Aliados, o pacto deixa Lula e Macron em lados opostos — por isso a busca de apoio italiano. O brasileiro tem sido um entusiasta do texto, que voltou a elogiar hoje, enquanto o francês já disse durante a estadia no Brasil considerá-lo "péssimo e atrasado".

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Lula tem sido um dos maiores defensores do texto atual, que chamou hoje de "promissor". Ele prega que a assinatura faria aumentar o número de produtos e alimentos brasileiros na Europa.

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