Bolsa fecha em alta e dólar cai após falas de Powell

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta sexta-feira (23) em alta de 0,32%, indo a 135.608 pontos depois que o presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, confirmou que vai cortar os juros dos Estados Unidos. O dólar terminou o dia em baixa de 1,97%, com o comercial cotado a R$ 5,479 e o dólar turismo a R$ 5,666.

O que aconteceu

Jerome Powell disse que o Federal Reserve está preparado para começar a cortar a taxa de juro americana, atualmente em seu maior nível em 23 anos. "O tempo para fazer um ajuste chegou", disse ele hoje, em seu discurso no seminário de Jackson Hole, estância turística no estado americano de Wyoming.

Tenho confiança de que a inflação está no rumo certo, em direção a meta de 2% ao ano. Mas o mercado de trabalho está esfriando mais do que os níveis de antes da pandemia.
Presidente do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell

"Os riscos de alta para a inflação diminuíram. E os riscos de queda para o emprego aumentaram", acrescentou Powell. "A direção a ser seguida é clara, e o momento e o ritmo dos cortes nos juros dependerão dos dados que chegarem, da evolução das perspectivas e do equilíbrio dos riscos", completou ele.

As preocupações com o mercado de trabalho americano vão balizar o tamanho do corte de juros. Por isso o mercado ficou bem mais animado depois do discurso. Ontem a Bolsa teve queda depois que alguns dados sugeriram que o corte pode ser menor que o esperado.

A repercussão entre os especialistas foi boa. "Powell deixou claro que está hoje mais preocupado com o mercado de trabalho americano e que os últimos dados sustentam um corte", disse Elson Gusmão, diretor de câmbio da Ourominas, empresa de ouro e câmbio. "Ele enfatizou que o Fed não busca, nem deseja, um maior resfriamento no mercado de trabalho", disse Gustavo Zuquim, gestor de portfólio do AndBank.

"Powell reconheceu que a manutenção do emprego é uma prioridade e o desemprego assumiu uma curva de crescimento". Foi o que disse Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital.

O mercado aposta num corte de 0,25 pontos percentuais. "Mas tem uma corrente conjecturando que possa até ser de 0,50 pontos percentuais, para acelerar a reversão dessa possível tendência de contração econômica e desemprego.

O discurso de Powell teve um impacto positivo tanto nas bolsas americanas quanto no Ibovespa. Foi o que explica Christian Iarussi, especialista em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

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A alta só não foi maior por conta da desvalorização do minério de ferro. "Isso impactou negativamente as ações da Vale (VALE3), teve também a queda do dólar, que pressionou ativos de empresas exportadoras de carne, como JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3)", afirmou. (VALE3) caiu 1,59%, indo a R$ 57,45. JBS (JBSS3) e BRF (BRFS3) caíram 3,65% e 2,22%, para R$ 34,89 e R$ 25,14, respectivamente, conforme dados preliminares.

Por que o juro americano importa?

Os Estados Unidos são a maior economia do mundo. Os juros lá começaram a subir há dois anos para conter o avanço da inflação causada pela pandemia. As taxas estão agora entre 5,25% a 5,50% — o patamar mais alto desde 2001. Por isso, o dinheiro de investidores de todo o mundo tem ido para lá, para render essa taxa alta e ficar em segurança, no Tesouro americano.

Isso prejudica as Bolsas do mundo todo, que perdem investimento. O dinheiro deixa de circular em países emergentes, como o Brasil, e o dólar sobe, causando inflação. Com o corte que deve acontecer entre os dias 17 e 18 de setembro, o capital volta a circular. Além disso, o BC do Brasil costuma seguir o Fed. Se a taxa lá cai, aqui também pode ser cortada, se a inflação também ficar mais contida.

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