Campos Neto diz que autonomia do BC livrou banco de 'decisões populistas'
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta sexta-feira (20), em live no canal oficial da instituição no YouTube, que a autonomia conquistada durante sua gestão foi fundamental para a estabilidade econômica do país.
Segundo Campos Neto, a independência da política monetária "evita a influência de decisões populistas", contribuindo para maior confiança de investidores e produtores. A fala marcou sua despedida do cargo, com elogios ao modelo que separa ciclos políticos das decisões econômicas.
O que aconteceu
Campos Neto destaca a importância da autonomia do Banco Central. Em sua live de despedida no canal do BC, o presidente da instituição afirmou que a independência foi essencial para evitar "decisões populistas" na condução da política monetária.
A autonomia do Banco Central foi aprovada em 2021. O modelo, que garante independência administrativa e financeira à instituição, começou a ser implementado durante o mandato de Campos Neto, que assumiu o cargo em 2019.
Reformas econômicas foram elogiadas pelo presidente do BC. Campos Neto destacou as medidas adotadas nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, associando-as ao fortalecimento institucional do Banco Central e à aprovação da autonomia.
Autonomia questionada
Campos Neto defende a autonomia do Banco Central em despedida. O presidente destacou que a independência da instituição foi essencial para evitar "decisões populistas" na condução da política monetária.
A postura política de Campos Neto foi alvo de questionamentos. Sua participação em um grupo de WhatsApp com ministros do governo Bolsonaro e o uso de uma camiseta da seleção brasileira ao votar em 2022 geraram críticas sobre sua neutralidade à frente do BC.
O presidente Lula foi um crítico contumaz de Campos Neto e da política de juros. Desde a campanha presidencial, Lula questionou as ações do BC e, após assumir o cargo, afirmou que Campos Neto "joga contra a economia brasileira", citando os juros altos como um entrave ao crescimento econômico.
A política de juros sob Campos Neto foi marcada por medidas duras. Em sua primeira reunião do Copom, a Selic estava em 6,5% ao ano, mas subiu para 12,25% atualmente, com projeções de novos aumentos. Analistas consideram as decisões rigorosas, enquanto o BC afirma que os ajustes são necessários para conter a inflação.
Um aumento da Selic não resolve todos os problemas; pelo contrário, resolve cada vez menos. Tons inflacionários persistentes acabam dificultando o crédito, o que afeta negativamente as empresas que necessitam de financiamento para reinvestir nos seus negócios. Dessa forma, uma alta da taxa de juros provoca uma redução na atividade econômica e contribui para a desaceleração da economia no próximo ano.
Carla Beni, economista e professora de MBAs da FGV
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