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Onda de drones misteriosos nos EUA: eles colocam mesmo os voos em risco?

Uma onda de drones misteriosos tem tomado os céus de áreas ao nordeste dos Estados Unidos, onde ficam Pensilvânia, Virginia e Nova Jersey, por exemplo. Na semana passada, as pistas do aeroporto Internacional de Stewart, em Nova York, precisaram ser fechadas por uma hora após novas aeronaves do tipo surgirem nos céus.

Apesar de não terem sua origem identificada, e até levantado a suspeita de uma possível interferência externa, um risco imediato foi afastado. Mesmo assim, é preciso manter o estado de atenção, pois a colisão de um drone com um avião pode levar a uma série de eventos catastróficos.

Pode derrubar um avião?

Mesmo pesando quase o mesmo que um pássaro, os drones podem, sim, causar sérios danos a um avião. Dependendo do tamanho das aeronaves envolvidas e da forma como a colisão ocorre, pode até ocasionar um problema mais grave.

Testes conduzidos pelo Instituto de Pesquisa da Universidade de Dayton, nos Estados Unidos, mostram que os drones podem, sim, chegar a causar um dano estrutural em um avião, que podem levar à sua queda. Entretanto, grande parte dos drones em circulação hoje é de pequeno porte, e eles não causariam um impacto tão sério em um avião de passageiros de grande porte.

Além dos danos à fuselagem, as peças poderiam ser ingeridas pelo motor, vindo a causar falhas. A universidade de Virginia, também nos EUA, realizou simulações onde drones de uso profissional, com peso entre quatro e cinco quilos, colidiam com aviões.

Teste de impacto com drone de pequeno porte causou danos significativos à asa de um avião
Teste de impacto com drone de pequeno porte causou danos significativos à asa de um avião Imagem: Montagem/YouTube/University of Dayton Research Institute

Nos testes, foi constatado que esse impacto poderia causar danos irreversíveis em várias partes das aeronaves, como o para-brisa, ou estragos severos em superfícies de controle do avião. Isso também poderia levar à perda de controle e a uma eventual queda.

Uma alternativa para diminuir o impacto do crescimento da quantidade de drones em uso seria construí-los mais frágeis, se quebrando mais facilmente em caso de impacto com um avião. Outra possibilidade seria manter um limite de peso para eles, com o objetivo de que não representem uma ameaça maior às aeronaves.

Ao mesmo tempo, os drones costumam voar apenas a baixas altitudes, longe de onde os aviões passam a maior parte do tempo no ar. Ainda, drones maiores, geralmente, são operados por profissionais especializados, que sabem quais as regras devem ser seguidas, como os locais onde os voos são permitidos e como fazê-lo em segurança.

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Detecção pode diminuir acidentes

Alguns aeroportos do mundo contam com sistemas de detecção de drones para evitar colisões. Esses impactos com aeronaves tendem a ocorrer nas fases mais críticas do voo, que são justamente o pouso e a decolagem.

O aeroporto de Piracicaba (SP) instalou recentemente os sistemas antidrones EagleShield e Gamekeeper da Omnisys, subsidiária do grupo francês Thales no Brasil. Esse sistema de radares faz um levantamento 3D da área no entorno do aeroporto de até 7,5 km de distância.

Como os radares usados para detectar aviões não são adaptados para encontrar drones, é preciso que novos sistemas sejam capazes de perceber drones que pesam às vezes menos de 1 kg.

Um sistema de algoritmos diferencia esses dispositivos de pássaros, levando em conta, além do formato, o comportamento e a trajetória do voo. Também são usados sensores que detectam as ondas de radiofrequência dos drones e dos operadores, diferenciando quais objetos voadores estão sendo identificados.

Com essas informações em mãos, os operadores dos aeroportos podem decidir por definir que uma aeronave arremeta ou mude sua rota, mantendo a segurança do voo.

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Abatendo o drone

A atividade antidrone envolve quatro fases: detectar, identificar, decidir e neutralizar a ameaça. A afirmação é de Miles Chambers, vice-presidente de desenvolvimento de negócios internacionais da Edge, conglomerado estatal dos Emirados Árabes Unidos e que assinou recentemente um memorando de entendimento com a Marinha do Brasil para desenvolver sistemas antidrones no país.

De acordo com o executivo, os mais de 360 sistemas de neutralização, ou seja, abate de drones existentes, podem ser classificados em três tipos:

  • Os que utilizam meios cinéticos, ou seja, aqueles que envolvem o deslocamento de algum corpo para chocar-se com algum drone, com o intuito de danificar seus componentes físicos/estrutura);
  • Os que utilizam meios não cinéticos, que é quando são empregadas ondas eletromagnéticas ou de radiofrequência para tomar o controle ou derrubar o veículo aéreo não tripulado;
  • Os que usam sistemas mistos, ou seja, combinam as duas técnicas.

Cada uma dessas técnicas é estipulada pelo contratante que deseja evitar o drone, desde aeroportos preocupados com segurança dos voos até governos para evitar ataques inesperados.

Risco descartado nos EUA

Enquanto a Kathy Hochul, governadora de Nova York disse que a questão dos drones "está indo longe demais", o presidente eleito dos EUA sugeriu que eles sejam derrubados.

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Entretanto, autoridades dos Estados Unidos descartaram que esses drones sejam uma ameaça imediata.

"Não identificamos nada de anormal e não consideramos que a atividade até agora apresente um risco para a segurança nacional ou pública no espaço aéreo civil de Nova Jersey e outros do nordeste", disseram, em uma declaração conjunta, o Departamento de Segurança Nacional, o Departamento de Defesa, a polícia federal (FBI) e Administração Federal de Aviação (FAA), agência reguladora da aviação americana.

Segundo a nota, o que foi visto até o momento nos céus incluía uma combinação de drones comerciais, drones de propriedade de amadores e drones policiais. Também foram constatadas aeronaves tripuladas com asas fixas, helicópteros e estrelas reportadas por engano como drones, dizem as autoridades dos EUA.

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