Inflação americana anima Ibovespa, mas falas de Lula fazem dólar subir

A Bolsa de Valores de São Paulo fechou esta sexta-feira (26) em alta. O Ibovespa marcava valorização de 1,24%, indo a 127.511,35 pontos, conforme dados preliminares, depois que dados sobre a inflação americana vieram dentro do esperado e o lucro da Vale (VALE3) disparou 210%. O dólar abriu o dia em queda, mas depois de falas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), passou a subir. Finalizou o dia em subindo 0,18%, indo a R$ 5,657.

O que está acontecendo?

Nesta sexta-feira (26), durante o anúncio do Novo PAC Seleções, o presidente Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. "O cidadão, jovem e bem-sucedido, afirmou que o aumento do salário mínimo e o crescimento da massa salarial podem gerar inflação. Ou seja, para não ter inflação, é preciso que o povo ganhe pouco?", destacou Lula.

Mas dos EUA vieram boas novas...

O principal indicador de inflação do Fed (o Federal Reserve, banco central dos EUA) subiu 2,5% em junho em relação ao ano passado, em linha com as expectativas. O PCE, o índice de preços de gastos com o consumo, aumentou 0,1% no mês em relação a maio.

O dado mostra que a inflação de junho dos EUA diminuiu ligeiramente em relação ao ano passado.

Por que isso importa?

Esse dado ajuda a abrir caminho para um corte na taxa de juros americana em setembro. O tesouro americano é a aplicação mais segura do mundo e está pagando juros altos. Por isso, os investidores do mundo todo saem das bolsas — principalmente as de países emergentes como o Brasil — para aplicar lá.

Com o corte, espera-se que os investidores voltem para o Brasil. Dinheiro entrando no país ajuda o dólar a baixar e, consequentemente, os preços também caem. Se a inflação arrefecer, o banco central pode baixar os juros e as empresas voltam a crescer.

"Acho que é possível, sim, que o Fed faça dois cortes de juros ainda este ano", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master. Nesse caso, a taxa básica americana iria para 5% ao ano.

Um corte de juros nos EUA, segundo Graziela Ariosi, estrategista-chefe da Swiss Capital Invest, pode levar a uma desvalorização do dólar. "Pode tornar ativos de mercados emergentes mais atraentes e aliviar as pressões inflacionárias em outras regiões. Para o Brasil, especificamente, isso pode resultar em um cenário mais favorável para o real, reduzindo a o vai e vem do câmbio e ajudando a controlar a inflação interna", diz ela.

Lucro da Vale sobe 210%

Ontem (25), a Vale (VALE3) divulgou que seu lucro cresceu 210%. O crescimento aconteceu em abril, maio e junho deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior e chegou a US$ 2,769 bilhões. A venda de minério de ferro cresceu 25% no trimestre e 7% na base anual. Com isso, VALE3 subiu 1,67%, indo para R$ 61,58, conforme dados preliminares.

Outros balanços

A operadora de shoppings centers Multiplan (MULT3) teve alta de 14% no lucro. Chegou a R$ 281,74 milhões de reais no segundo trimestre do ano em comparação com o mesmo intervalo de 2023.

A Hypera (HYPE3), por sua vez, teve queda de 2,5% nos ganhos. Ficou com um total de R$ 491,8 milhões, cifra menor que a registrada um ano antes. A farmacêutica teve perdas de 1,9% de receitas na base anual. Hoje, sai o balanço da Usiminas (USIM5).

Contas do governo

As contas do governo central registraram um déficit de R$ 38,8 bilhões, em junho deste ano. Em maio, o déficit — quando as despesas têm saldo maior do que as receitas, sem contar os juros — foi de R$ 61 bilhões. No mesmo mês de 2023, o valor foi de R$ 45,1 bilhões (em termos nominais). A arrecadação foi recorde para o período e somou R$ 203 bilhões. No total, a receita do governo cresceu 8,3% em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado em 12 meses, até maio de 2024, o déficit é de R$ 260,7 bilhões, equivalente a 2,29% do PIB.