Financiamento imobiliário deve ficar mais caro com alta da Selic
O BC elevou a taxa básica de juros para 10,75% ao ano e a medida deixa o crédito mais caro. Com isso, os financiamentos imobiliários devem ficar mais altos nos próximos meses.
Impacto nos financiamentos
A Selic é a taxa básica de juros da economia. Ela tem esse nome porque serve como referência para outras taxas de juros do mercado, como os cobrados em empréstimos e financiamentos. Juros menores deixam o crédito mais barato, favorecendo o consumo; quando estão mais altos, o efeito é o contrário. Esta foi a primeira alta nos juros desde agosto de 2022.
O crédito fica mais caro em momentos de alta de juros. A Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) afirma que se por um lado a alta controla a inflação, por outro tem um efeito negativo sobre o crédito, que fica mais caro tanto para financiamentos como empréstimos.
Isso reduz o acesso ao crédito, inibe o consumo e desacelera o crescimento de empresas que dependem de investimentos financiados. As famílias, por sua vez, enfrentam maiores dificuldades para adquirir bens duráveis e para garantir o acesso à moradia, já que o crédito mais caro compromete o orçamento familiar e a capacidade de endividamento.
Abrainc, em nota
Definição dos juros é feita pelos bancos. José Raymundo Faria Júnior, planejador financeiro CFP pela Planejar, afirma que os financiamentos sempre possuem uma taxa pré-definida pelo banco mais TR ou IPCA. Quando a Selic sobe, a TR também sobe. Na prática, os financiamentos deste tipo já ficam mais caros por si só com o aumento da Selic.
Pode ser que os bancos também aumentem a taxa pré-fixada, mas não é uma regra. Faria afirma que ainda não sabemos qual a magnitude do aumento dos juros no país e que isso é fundamental para entender qual a posição que será tomada pelos bancos.
Antecipar parcelas é uma boa para quem tem um dinheiro sobrando. Faria diz que é melhor diminuir o prazo do financiamento, pagando as parcelas do final, do que reduzir o custo da parcela mensal. "O melhor é manter a prestação e reduzir o prazo, porque você vai quitar mais rápido", afirma Faria.
Com juros subindo, o poder do mutuário não é tão bom. Isso é complicado e tem que tentar fazer antecipações, lembrando que tem os seguros, não só os juros. Tem vários custos da parcela que você vai eliminar.
José Raymundo Faria Júnior, planejador financeiro CFP pela Planejar
O que dizem os bancos
Nenhum banco confirmou se haverá aumento das taxas devido à alta da Selic. O Banco do Brasil disse que as taxas e estratégias são "constantemente reavaliadas de forma a oferecer as melhores condições de preços, sempre observando as características de cada produto, alinhamento com o mercado e dentro dos parâmetros de risco, retorno e direcionadores estratégicos de rentabilidade do Banco".
O Itaú diz que tem compromisso de manter taxas competitivas para atender necessidades dos clientes. "Nesse sentido, toda vez que algum movimento importante ou mudança de tendência acontecem, nos empenhamos para entregar as melhores condições, levando em conta o perfil de cada cliente e seu relacionamento com o banco", afirma o Itaú em nota.
A Caixa diz que acompanha as decisões do Copom e ajusta as taxas conforme a necessidade. "O banco esclarece que até o momento não há expectativas de projeção de aumento de taxas de juros para financiamentos voltados para pessoas jurídicas do segmento da construção civil e que eventuais atualizações de taxas serão anunciadas em canais oficiais de comunicação da Caixa", afirma em nota.
Bradesco e Santander não responderam até o fechamento da reportagem.