Petrobras dispara com tensão no Oriente Médio; Bolsa e dólar têm alta

A Bolsa de Valores de São Paulo finalizou o pregão desta terça-feira (1o.) em alta com a disparada dos preços do petróleo e consequente valorização da Petrobras (PETR3 e PETR4). O Ibovespa subiu 0,51%, indo a 132.494 pontos.

O dólar teve alta de 0,31%, fechando a R$ 5,464. O dólar turismo ficou em R$ 5,67.

O que aconteceu

Os preços do petróleo dispararam. Pela manhã, por volta das 11h, a cotação do petróleo acelerou, logo após a o canal americano de notícias NBC News publicar que o Irã estava se preparando para lançar mísseis contra Israel, segundo fontes da Casa Branca e do Departamento de Defesa.

Em torno das 13h30, as Forças de Defesa de Israel informaram que o Irã realmente lançou 102 mísseis em direção ao país. Sirenes de alertam soam em todo território. Naquele momento, a alta no combustível chegou a superar os 5%.

Uma hora e meia depois, entretanto, os valores deram uma acalmada. Os preços futuros do barril do tipo Brent (o da Petrobras) fecharam esta terça-feira com salto de 2,91%, para US$ 73,79. O tipo WTI (dos EUA) subiu 2,90%, indo a US$ 70,15 o barril. "Diante da iminência do ataque, o preço do petróleo repercutiu de forma mais forte", explica Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, especialista no setor. Com o desenrolar dos acontecimentos, a alta perdeu um pouco de sua força.

Os papéis da Petrobras reagiram ao avanço: os ativos PETR3 subiram 2,42%, a R$ 40,22, e PETR4 tiveram alta de 2,58%, a R$ 36,94, conforme dados preliminares. Os ativos da petroleira têm peso de 11,86% no Ibovespa e foram o principal catalizador da elevação de hoje.

Outras petroleiras da Bolsa também subiram. Prio (PRIO3) foi para R$ 44,28, com valorização de 2,19%, enquanto Petroreconcavo (RECV3) teve elevação de 0,17%, para R$ 17,75. A Brava Energia (BRAV3) ficou com ganhos de 2,04%, indo para R$ 17,99. Todos os preços são preliminares.

Por que o petróleo sobe com o ataque?

Arbetman explica que os mísseis iranianos passam por cima do Iraque para atingir Israel. O Irã produz cerca de 3 milhões de barris de petróleo por dia. O Iraque, cerca de 4 milhões. Esses 7 milhões de barris estão diretamente sob a rota dos mísseis. "Estamos falando de cerca de 7% da demanda global de petróleo. Isso é um risco para a cadeia de suprimentos do óleo", explica o especialista. Se a oferta do produto cai, o preço sobe.

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Ou seja, há perigo de interrupção no fornecimento do combustível. "O conflito atual aumenta o risco de ataques a infraestruturas petrolíferas, de bloqueios de rotas de transporte ou de sanções que podem restringir o fluxo de petróleo para o mercado global", diz Sergio Brotto, diretor executivo da Dascam Corretora de câmbio.

Como fica a Bolsa?

Embora o Ibovespa tenha avançado com a alta de Petrobras, com a intensificação do conflito, cria-se um risco para os mercados emergentes. "A escalada do conflito e o envolvimento mais amplo de países, como o Irã, geram incerteza que leva os investidores a buscar ativos mais seguros, elevando a demanda e o preço do petróleo", diz Brotto.

Tanto que o Índice de Volatilidade (VIX) teve um pico. Conhecido como "Índice do Medo", o indicador mede a volatilidade, ou seja, o quanto os mercados sobem e descem. Durante o dia, o VIX passou de 20%, ressaltando a crescente preocupação entre os investidores.

Na Europa, a maior parte das Bolsa teve queda. O Índice Stoxx Europe 600 caiu 0,44%, a Bolsa de Frankfurt, 0,65%, e Paris, 0,96%. Londres subiu 0,49%, conforme dados preliminares.

Outras ações

A maior alta do Ibovespa hoje, no entanto, não teve a ver com o conflito. Foi a da construtora MRV (MRVE3), que chegou a R$ 7,60, com ganhos de 4,97%. "A MRV teve recomendação por parte do Bank of America, como a preferida do setor, de construção para a baixa renda, pois deve ser beneficiada pelo Minha Casa, Minha Vida", diz Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.

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Outros fatores também influenciam os mercados nesta terça. O relatório Jolts, de empregos nos EUA, mostrou que a abertura de postos de trabalho subiu para 8,0 milhões em agosto. A expectativa era de 7,6 milhões de vagas.

O dado de emprego é importante porque ajuda a prever o tamanho do corte da taxa americana. O Federal Reserve (o Fed, banco central dos EUA) vai se basear em informações desse tipo para definir o que fará com os juros em 7 de novembro.

Na segunda-feira (30), Jerome Powell, presidente do Fed, disse que continua "a tomar decisões reunião por reunião." "Este não é um comitê que está com pressa para cortar os juros rapidamente", afirmou, num evento em Nashville, Tennessee.

Se a economia tiver o desempenho esperado, isso significaria mais cortes nas taxas este ano, um total de 50 (pontos base) a mais
Jerome Powell, presidente do Fed

A Bolsa brasileira reage mais às variações da Selic que aos cortes de juros dos EUA. Mas quanto menores forem os juros por lá, mais chances há de os investidores retomarem o "carry trade". Nessa operação, eles tomam dinheiro emprestado nos EUA e aplicam nos altos juros brasileiros. Isso ajuda a trazer dólares para o país e a valorizar o real.

Mais dados saem até o fim da semana. A pesquisa de emprego ADP será divulgada nesta quarta-feira (2) e o "Payroll", com dados de folhas de pagamento, na sexta-feira (4).

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