Negros ganham R$ 899 mil a menos ao longo de vida profissional, diz Dieese
Os trabalhadores negros recebem, em média, R$ 899 mil a menos do que não negros ao longo da trajetória profissional, segundo o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O estudo considera o rendimento médio de pessoas entre 18 e 65 anos. Dentro do grupo que tem ensino superior, a diferença salarial é ainda maior: chega a R$ 1,1 milhão ao final do período analisado.
Diferenças salariais
Discriminação dificulta ascensão na carreira. Dieese afirma que a desigualdade de renda cresce ao longo da vida dos profissionais negros e que estes profissionais recebem 40% a menos do que outros grupos.
Há diferenças ainda entre homens e mulheres negros. O rendimento médio de uma mulher negra é de R$ 2.079, enquanto de uma não negra é de R$ 3.404. Entre os homens, os negros recebem, em média, R$ 2.610, e os não negros, R$ 4.492.
A inserção dos negros no mercado de trabalho ocorre de forma desfavorável. Os negros enfrentam maiores taxas de desemprego, mesmo com o mercado de trabalho aquecido. Entre os ocupados, há maior concentração de negros em profissões com baixos rendimentos, além de alta informalidade.
Dieese, no boletim "Apesar dos avanços, desigualdade racial de rendimentos persiste"
Taxa de desocupação é maior entre negros. De acordo com o Dieese, no segundo trimestre de 2024, a taxa era de 8% para negros, enquanto era de 5,5% para a população não negra. Quando o assunto é informalidade, 45,2% da população negra ocupada trabalhava informalmente. Entre as mulheres negras, 45,6% trabalhavam sem carteira assinada e não contribuíam com a Previdência Social. Mulheres e homens não negros estavam na faixa de 34%.
Cargos de liderança
A população negra ocupava apenas 33% dos cargos de gerência e direção. De acordo com o Dieese, um em cada 48 homens negros ocupados está em um cargo de liderança. Entre os brancos, a proporção é de 1 líder a cada 18.
Nas 10 profissões mais bem pagas do país, os negros representam 27% dos ocupados. No ranking das 10 ocupações com salários mais baixos, esta população representa 70% dos trabalhadores. Uma em cada seis mulheres negras trabalha como empregada doméstica, com rendimento médio sem carteira de R$ 461 a menos do que um salário mínimo, de R$ 1.412.