Número é ruim, mas não tão feio como parece, diz economista sobre inflação
Colaboração para o UOL
12/03/2025 11h52
A inflação de 1,31% registrada em fevereiro mostra um cenário ruim para a economia brasileira, mas que não é tão negativo como se pode sugerir, avaliou o economista Marcos Lisboa em entrevista ao UOL News nesta quarta.
Segundo dados divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) é a maior para o mês desde 2003. A alta foi puxada pelo aumento de 16,8% nas tarifas de energia elétrica residencial.
Há fatores sazonais. Fevereiro é um mês de reajuste de mensalidades, há uma questão da energia com rebate de Itaipu na conta. O número não é tão feio como parece, mas é ruim.
Muita gente está alertando que a maneira como a expansão fiscal foi feita pelo governo geraria pressões inflacionárias. Não sei por que o governo entrou naquele confronto com o Banco Central, que está exatamente tentando evitar uma inflação maior. A inflação veio e, se não fosse o Banco Central, o número poderia ser ainda pior. Marcos Lisboa, economista
Para Lisboa, o governo federal gastou muita energia nos embates com o Banco Central para reduzir a taxa de juros no país e deixou de aplicar a receita mais eficiente para conter a inflação.
O que preocupa no Brasil é subirmos tanto os juros por problema de inflação, mas essa é a nossa realidade. Infelizmente, o país tem muitos choques e volatilidade. Isso é outro lado complicado do Brasil. Essa volatilidade prejudica o crescimento mais sustentável da economia a longo prazo.
O mecanismo mais eficaz para combater a inflação é política monetária, que é mais ágil e a mais usada, e fiscal, com impactos mais de longo prazo. Há sempre a tentação de se achar que existe um jeitinho. Não tem truque.
Perdeu-se muito tempo brigando com o Banco Central, que estava preocupado com o que aconteceu: a inflação veio e está machucando. Infelizmente, o melhor remédio que a profissão descobriu para tratar a inflação é cuidar da política monetária e fiscal. Marcos Lisboa, economista
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