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Deficit externo recua em junho, mas é recorde no ano

Isabel Versiani

26/07/2011 14h53

O deficit em transações correntes brasileiro caiu em junho frente ao mesmo período do ano passado sob o efeito do crescimento das exportações, que têm sido beneficiadas pela alta nos preços das commodities, mostraram dados do Banco Central nesta terça-feira (26). 

A forte demanda interna, contudo, seguiu inflando os gastos com a contratação de serviços, como viagens e aluguel de equipamentos, que bateram novos recordes mensais.

No semestre, o deficit em transações correntes, de US$ 25,448 bilhões, foi o mais elevado para o período da série do BC, iniciada em 1947. O saldo negativo, no entanto, foi mais do que compensado pelo fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) de US$ 32,477 bilhões, valor também recorde.

"A melhor forma de financiar o deficit em conta corrente é com o investimento direto, que é um recurso mais estável, que se incorpora à capacidade produtiva do país", afirmou a jornalistas o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Lopes.

"Em uma eventual oscilação, mudança de conjuntura, é um recurso que fica no país", acrescentou ele.

Em junho, o deficit em transações correntes foi de US$ 3,300 bilhões, bem abaixo dos US$ 5,273 bilhões de junho do ano passado. No período, as exportações tiveram alta de 39% e o saldo comercial aumentou em mais de US$ 2 bilhões, para US$ 4,428 bilhões.

O saldo negativo em junho ficou um pouco abaixo dos US$ 3,750 bilhões previstos por analistas, segundo sondagem feita pela Reuters junto a 16 instituições.

VIAGENS, INVESTIMENTO

No mês passado, as despesas dos brasileiros com viagens internacionais superaram as receitas obtidas com turistas no Brasil em US$ 1,364 bilhão, o segundo pior mês da série depois de abril.

No semestre, o deficit da conta, turbinado pelo crescimento da renda doméstica e pelo real valorizado, foi de US$ 6,814 bilhões --alta de 65% frente ao mesmo período de 2010.

O crescimento ocorreu a despeito do aumento da taxação sobre as despesas no exterior pagas com cartão de crédito promovida pelo governo no final de abril, com uma alíquota de 6,38% com Imposto sobre Operações Financeiras.

Segundo Maciel, dados do BC mostram que os turistas passaram a substituir o cartão por dinheiro. A parcela das despesas internacionais feitas com cartão caiu de 61% em abril para 54% em junho.

O IED ficou em US$ 5,467 bilhões em junho, bem acima dos US$ 766 milhões registrados no mesmo mês do ano passado. O investimento em papéis domésticos e ações, por outro lado, despencou para US$ 383 milhões, contra US$ 3,053 bilhões.

A queda reflete, em parte, o aumento da taxação sobre os investimentos em renda fixa, que foi triplicada --para 6%-- em outubro do ano passado em um esforço para conter a valorização do real.

Para julho, o BC estima que o investimento estrangeiro direto some US$ 4 bilhões, e o deficit em conta corrente fique em US$ 2,9 bilhões.