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Emergentes estão preparados para dar bilhões ao FMI

20/04/2012 09h15

Por Lidia Kelly e Lesley Wroughton 

As principais potências emergentes estão prontas para comprometer-se nesta sexta-feira em dar dinheiro para impulsionar o poder de fogo do Fundo Monetário Internacional (FMI) contra a crise, embora o Brasil busque garantias de aumento de seu poder de voto na instituição.  

A Rússia afirmou que o G20 -grupo formado pelas principais economias do mundo- e países emergentes estão prontos para, em uma reunião nesta sexta-feira, consignar recursos novos suficientes para atender ao pedido da diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, de pelos menos US$ 400 bilhões, a fim de encerrar a crise de dívida da zona do euro. A própria Rússia oferecerá US$ 10 bilhões.

"Confie em mim que o G20 anunciará a quantia final. Será uma quantia que vai satisfazer a gerência do Fundo Monetário Internacional", disse Sergei Storchak, vice-ministro das Finanças russo. 

O apoio de Rússia, China e Brasil é crucial para atingir a duplicação pretendida pelo FMI de seu arsenal. Europa e Japão já prometeram US$ 320 bilhões. Um diplomata internacional afirmou que, no total, países emergentes disponibilizaram pelo menos US$ 100 bilhões. 

O FMI vem alertando que a crise da dívida da zona do euro apresenta o risco mais grave à expansão da economia global, e mercados financeiros temem que Espanha e Itália possam ser os próximos a pedir resgates, na linha do que fizeram Grécia, Irlanda e Portugal. 

Mas o Brasil tem advertido que, como condição para fornecer fundos, as potências emergentes querem novas garantias de que haverá reconhecimento por escrito no comunicado do G20 do peso que suas economias de crescimento rápido têm no âmbito global. Elas estão frustradas com atrasos -particularmente dos Estados Unidos- na implementação de um acordo para reduzir a influência da Europa no FMI e promover a China ao posto número 3 de votação. 

"O que queremos e exigimos em todas as reuniões é que esse compromisso seja reafirmado", afirmou o ministro da Fazenda, Guido Mantega, após reunião na quinta-feira de autoridades dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. 

Mantega falará sobre a questão de forma ainda mais contundente em um discurso preparado para o sábado, afirmando que não é mais suficiente apenas repetir que as reformas relacionadas aos votos são cruciais para a efetividade do FMI. 

"O avanço nessa frente tem sido limitado e lento", dirá ele, de acordo com o texto. 

O Canadá, por sua vez, é contra o domínio europeu no conselho do FMI, formado por 24 membros. O país quer que se realizem duas votações quando o FMI decidir sobre como usar seus novos recursos -uma por países da zona do euro e a segunda por outros países. A ideia é diluir o poder da Europa em questões relacionadas à zona do euro. 

Essa posição reflete a crescente preocupação entre os países não europeus em relação à clareza e isenção nos acordos da instituição com a Europa. A região tem o maior bloco único no conselho do FMI e o Fundo é comandado por uma francesa. 

"Dado que o maior desafio aqui é um desafio de dívida soberana em países da zona do euro, e que os países da zona do euro estão pedindo a não europeus que contribuam com recursos no FMI, nosso ponto de vista é que deve haver duas votações", disse o ministro das Finananças canadense, Jim Flaherty. 

Ainda assim, os fundos devem ser definidos. O diplomata intenacional disse que alguns países podem precisar de aprovação final de seus governos, então qualquer acordo pode ter que esperar uma reunião dos líderes do G20 em junho e que o valor final continua incerto. 

A China pode contribuir com US$ 60 bilhões, assim como o Japão, embora Pequim não tenha definido o valor. A Arábia Saudita dará um pouco menos do que a China, enquanto Rússia e Brasil devem contribuir com algo entre US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões cada, disso o diplomata.