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Via Varejo tem 2ª maior oferta do ano; units ficam abaixo do estimado

Marcela Ayres e Guillermo Parra-Bernal

13/12/2013 08h35

SÃO PAULO, 12 Dez (Reuters) - A oferta secundária de units da Via Varejo, unidade de eletroeletrônicos e móveis do Grupo Pão de Açúcar, movimentou R$ 2,845 bilhões, na segunda maior transação do mercado acionário brasileiro em 2013.

Apesar do volume da operação ter perdido apenas para os R$ 11,5 bilhões captados pela BB Seguridade na sua abertura de capital em abril, as units da oferta foram precificadas a R$ 23, abaixo da faixa de R$ 25,60 a R$ 33,60 fixada pelos coordenadores.

Segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto, a demanda superou a oferta em até 2,5 vezes com o ativo a esse preço. Acima deste patamar, porém, a procura foi reduzida substancialmente, apontando apetite dos investidores apenas mediante um desconto sobre o piso da faixa indicativa.

Foram vendidas todas as 107,6 milhões de units da oferta base, além das 16,1 milhões de units do lote suplementar, conforme informações publicadas no site da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nesta quinta-feira.

Segundo a fonte, que falou sob condição de anonimato, até 60% da demanda pelos papéis veio de investidores domésticos. A operação ainda tem 21,5 milhões de units em lote adicional --cada unit contém uma ação ordinária e duas ações preferenciais.

Os recursos levantados vão para os acionistas vendedores, numa operação estruturada para saída parcial da família Klein da empresa. O Grupo Pão de Açúcar, controlador da varejista, se desfez de uma fatia menor mantida na companhia.

Formada pela união entre Ponto Frio, do GPA, e Casas Bahia, da família Klein, a Via Varejo também administra a bandeira Nova Pontocom, de comércio eletrônico.

A associação entre os Klein e os Diniz, então controladores do Pão de Açúcar, foi marcada por divergências desde o início: pouco após o negócio ser anunciado, no fim de 2009, os Klein paralisaram a transação pleiteando condições mais favoráveis.

A fusão foi retomada em julho de 2010, mas a relação entre os sócios seguiu conturbada. Até os Klein anunciarem em maio que iriam vender parte das ações, especulava-se no mercado que eles estavam negociando financiamento para comprar a empresa.

No mercado, a operação é vista como o verdadeiro IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) da empresa. A Via Varejo já tem ações listadas, mas os papéis correspondem a apenas 0,6% do capital, situação que mudará drasticamente após a bilionária oferta de units, com estreia marcada para a próxima segunda-feira.

O Credit Suisse coordena a operação junto com o Bradesco BBI e o Bank of America Merrill Lynch. Também participam da operação os bancos Goldman Sachs, Itaú BBA, JPMorgan, Santander e UBS.

Contexto

Na semana passada, a CVC também precificou suas ações abaixo da faixa indicativa em seu IPO.

A exemplo da operadora de turismo, a Via Varejo é líder no mercado em que atua. Segundo a consultoria GfK, a empresa tinha 26% do varejo especializado em eletroeletrônicos no primeiro semestre de 2013. No prospecto, a companhia disse ter encerrado 2012 com um tamanho três vezes superior à segunda colocada em termos de receita bruta.

Porém, a precificação das units abaixo da faixa indicativa reflete o sentimento do mercado em relação ao atual cenário macroeconômico. Diante da perspectiva de possível rebaixamento do rating soberano do Brasil em função do fraco crescimento econômico e da deterioração fiscal, a expectativa é que o governo reduza os subsídios ao consumo daqui para frente.

Mesmo com a vigência de programas como o Minha Casa Melhor, destinado ao financiamento de eletroeletrônicos e móveis, as vendas do varejo perderam força em outubro e subiram 4% nos dez primeiros meses do ano. No mesmo período do ano passado, o avanço havia sido de 8,9%.