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Lucro da MRV fica abaixo do esperado; distratos devem manter patamar atual

14/05/2014 22h13

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O lucro líquido da construtora e incorporadora MRV (MRVE3) no primeiro trimestre teve leve alta na comparação anual e ficou abaixo das estimativas de analistas, enquanto a companhia ainda espera um nível de rescisões de contratos similar para o restante do ano.

A empresa teve lucro de R$ 81 milhões entre janeiro e março, aumento de 2,7% sobre o mesmo período de 2013. A média das estimativas de analistas obtidas pela Reuters apontava lucro líquido de R$ 114,2 milhões.

A companhia teve despesas comerciais 9 por cento maiores no trimestre na comparação anual, num total de R$ 69 milhões entre janeiro e março.

As vendas da MRV no período avançaram 40%, a R$ 1,54 bilhão, ainda baseada na desova de estoques. Os lançamentos subiram 54% no período, para R$ 1,16 bilhão.

Os cancelamentos de contratos (distratos) foram de R$ 327,9 milhões, alta de 41% na comparação anual. A relação entre as vendas e as rescisões foi de 21,3% no período, alta de 0,08% sobre o ano anterior, disse a MRV.

"Por mais que esteja um pouco mais elevado do que gostaríamos, de certa forma ele (o distrato) vira uma oportunidade", disse à Reuters um dos diretores-presidente da companhia, Rafael Menin, mencionando a alta velocidade de revenda e o aumento de preço real nesta nova comercialização.

Para a companhia, o fato dos distratos serem feitos durante a fase de construção dos empreendimentos permite sua revenda durante o andamento da obra.

Segundo o executivo, a relação entre cancelamentos e vendas deve se manter no mesmo patamar atual nos próximos trimestres, até que a MRV efetive completamente o seu novo sistema Siqac, que condiciona a venda dos imóveis à aprovação do crédito pelo banco para o cliente.

"O distrato deve se manter neste mesmo nível, a gente não enxerga nos próximos trimestres uma redução do distrato. Com o projeto concluído até o final do ano, com certeza o percentual de distrato será muito menor", disse Menin.

A receita operacional líquida da MRV subiu 9,8%, para R$ 911 milhões.

O Ebitda (sigla em inglês para lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 132 milhões, 2,4% mais alto na comparação anual.

A companhia teve geração de caixa de R$ 56 milhões, mas bem menor do que nos trimestres anteriores. Entre outubro e dezembro, foi de R$ 162 milhões, e no primeiro trimestre de 2013, de R$ 62 milhões.

Segundo Menin este resultado foi pontual, por problemas no sistema Sicaq da Caixa Econômica Federal, que atrapalhou os repasses por um mês. "Abril já foi um mês normal, em linha com os trimestres anteriores", disse.

Minha Casa Minha Vida 3

A MRV se diz otimista com o anúncio do Minha Casa Minha Vida 3, previsto para junho, mas a dimensão de sua participação só será possível com a definição dos números do governo, que já disse que deve totalizar 3 milhões de moradias.

A construtora e incorporadora mineira tem interesse nas Faixas 2 (renda familiar entre R$ 1.600 e R$ 2.455) e 3 (renda até R$ 3.100) do programa. Considerando as duas primeiras fases já anunciadas, a MRV tem uma fatia de mercado de 10%.

"Minha impressão é que estamos vendo uma diminuição da concorrência", disse o diretor-executivo de finanças da MRV, Leonardo Côrrea. "A gente vê uma continuação deste processo, com a continuação de encerramento de filiais (das concorrentes), e deixando de lançar coisas novas. À medida que empreendimentos antigos terminem, sobra mais espaço para a MRV", acrescentou.

(Por Juliana Schincariol; edição Alberto Alerigi Jr.)