Ciro Gomes é alvo de operação da PF e fala em "Estado policial"
Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal nesta quarta-feira por supostas irregularidades nas obras da Arena Castelão, estádio localizado em Fortaleza e usado na Copa do Mundo de 2014, e reagiu nas redes sociais acusando o presidente Jair Bolsonaro de criar um "Estado policial".
"Até esta manhã, eu imaginava que vivíamos, mesmo com todas imperfeições, em um pais democrático. Mas depois da Polícia Federal subordinada a Bolsonaro, com ordem judicial abusiva de busca e apreensão, ter vindo a minha casa, não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado policial que se oculta sob falsa capa de legalidade", escreveu Ciro no Twitter.
Segundo reportagem da revista Veja, o senador Cid Gomes (PDT-CE), irmão de Ciro, também foi alvo de mandados de busca e apreensão determinados pela Justiça e cumpridos pela Polícia Federal.
"Não tenho nenhuma ligação com os supostos fatos apurados. Não exerci nenhum cargo público relacionados com eles. Nunca mantive nenhum tipo de contato com os delatores. O que, aliás, o próprio delator reconhece quando diz que NUNCA me encontrou", prosseguiu Ciro em sua publicação no Twitter.
"Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à Presidência da República", disse o pedetista.
O presidenciável prometeu ainda processar os responsáveis pelo que chamou de "ataques".
"Essa história não ficará assim. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão."
Pesquisa Ipec sobre a eleição presidencial do ano que vem mostrou Ciro na quarta posição na preferência do eleitorado, bastante distante do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera com folga, e de Bolsonaro, que aparece isolado em segundo lugar. O terceiro colocado, empatado tecnicamente com Ciro, é o ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro.
Em nota, sem citar os nomes de Ciro e de Cid, a Polícia Federal disse que 80 agentes cumpriram 14 mandados de busca e apreensão em endereços nas cidades de Fortaleza, Meruoca (CE), Juazeiro do Norte (CE), São Paulo, São Luís e Belo Horizonte.
De acordo com a PF, a investigação sobre supostas irregularidades na construção do estádio começaram em 2017 e os supostos crimes teriam ocorrido entre 2010 e 2013. Cid Gomes governou o Estado de 2007 a 2014.
"As buscas têm como objetivo apreender mídias digitais, aparelhos celulares e documentos. As investigações tiveram início no ano de 2017, sendo identificados indícios de esquema criminoso envolvendo pagamentos de propinas para que uma empresa obtivesse êxito no processo licitatório da Arena Castelão e, posteriormente, na fase de execução contratual, recebesse valores devidos pelo governo do Estado do Ceará ao longo da execução da obra de reforma, ampliação, adequação, operação e manutenção do Estádio Castelão", disse a PF em nota.
"Apurou-se indícios de pagamentos de 11 milhões de reais em propinas diretamente em dinheiro ou disfarçadas de doações eleitorais, com emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas. As investigações continuam com análise do material apreendido na operação policial e do fluxo financeiro dos suspeitos", acrescentou.
Ainda de acordo com a PF, os investigados poderão responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, fraude em licitação, associação criminosa, corrupção ativa e passiva.
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