Ibovespa perde fôlego em sessão com riscos fiscais e incertezas sobre BC

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava na tarde desta terça-feira, revertendo a alta registrada mais cedo, quando ultrapassou os 125 mil pontos, conforme o pregão era contaminado por preocupações com as políticas fiscais e monetária, que também pressionavam a taxa de câmbio e a curva de juros.

Às 14:20, o Ibovespa cedia 0,07%, a 124.630,73 pontos, tendo chegado a 124.310,24 pontos no pior momento, depois de ter marcado 125.490,73 pontos na primeira etapa dos negócios. O volume financeiro somava 10,6 bilhões de reais.

O mercado brasileiro refletia o desconforto persistente de agentes financeiros, principalmente locais, com a falta de sinalizações de medidas para melhorar as contas públicas, além de incertezas sobre o próximo presidente do Banco Central, uma vez que o mandato de Roberto Campos Neto termina ao final deste ano.

Nesta terça-feira, ainda pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o BC e Campos Neto, enquanto também afirmou que fará "alguma coisa" para conter a valorização do dólar ante o real. Neste começo de tarde, a cotação da moeda norte-americana chegou 5,70 reais.

Campos Neto, por sua vez, em outro evento, disse que o aumento de ruídos relacionados às expectativas para as políticas fiscal e monetária colaborou para a decisão da autoridade monetária de pausar o ciclo de cortes da taxa básica de juros.

Em meio ao clima mais adverso no mercado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a melhor maneira de conter a desvalorização do real ante o dólar é melhorar a comunicação sobre o arcabouço fiscal e a autonomia do BC. Ele negou a possibilidade de o governo mexer no IOF em operações de câmbio.

Estrategistas do UBS cortaram a recomendação das ações brasileiras em seu portfólio de mercados emergentes para "neutra", citando que a situação política -- e o correspondente impacto na performance fiscal -- poderá pesar sobre o sentimento dos investidores no curto prazo.

"O mercado brasileiro está barato e o índice geralmente é beneficiário dos preços mais elevados do petróleo. No entanto, surpresas negativas consistentes do lado macroeconômico e incertezas em torno da disciplina fiscal poderão continuar a pesar no mercado", afirmaram em relatório a clientes.

(Por Paula Arend Laier)

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