Dólar fecha estável antes de anúncios do governo na área fiscal

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a sexta-feira praticamente estável no Brasil, ainda acima dos 5,80 reais, com investidores à espera de novidades na área fiscal, enquanto no exterior a moeda norte-americana sustentou ganhos firmes ante boa parte das demais divisas, na esteira de novos dados das economias centrais.

O dólar à vista fechou o dia com leve alta de 0,04%, cotado a 5,8143 reais. Na semana a divisa acumulou alta de 0,49%.

Às 17h05, o dólar para dezembro -- o mais líquido atualmente no Brasil -- caía 0,11%, aos 5,8155 reais.

No início do dia a moeda norte-americana chegou a oscilar em baixa ante o real, com parte dos investidores realizando lucros recentes. Às 9h22, ainda na primeira meia hora de negócios, o dólar à vista atingiu a cotação mínima de 5,7890 reais (-0,39%).

“O dólar ensaiou uma queda porque o mercado resolveu realizar, botar dinheiro no bolso, após a sequência de altas expressivas”, comentou Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos. “Mas também temos a expectativa com o fiscal”, acrescentou.

O mercado seguia à espera da divulgação do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, na noite desta sexta-feira, e do pacote de medidas fiscais para os próximos anos, na semana que vem.

Na noite de quinta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, descartou a possibilidade de alteração da meta fiscal de 2024 e indicou que o bloqueio no Orçamento para o ano deve ficar pouco acima dos 5 bilhões de reais.

Os ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento divulgarão o relatório na noite desta sexta-feira, após 21h, colocando os números em perspectiva, mas a entrevista coletiva sobre os dados ficou para a próxima semana.

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A meta do governo para este ano é de resultado primário zero, sendo que a margem de tolerância é de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).

Haddad também afirmou na véspera que haverá na segunda-feira reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o pacote fiscal, que mira cortes de gastos nos próximos anos. A data de anúncio será decidida a partir de segunda-feira, após este encontro.

Em meio à ansiedade antes da divulgação dos números, o dólar marcou a máxima de 5,8330 reais (+0,37%) às 11h58 -- quando a especulação sobre o tamanho do pacote também colocou as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) nos picos do dia.

No exterior, o dólar também avançava ante as moedas fortes e em relação a boa parte das divisas de emergentes, após a divulgação de dados econômicos da zona do euro e dos EUA.

O Índice de Gerentes de Compras (PMI) Composto preliminar da zona do euro da HCOB, compilado pela S&P Global, caiu para o menor nível em dez meses, de 48,1 em novembro, abaixo da marca de 50 que separa crescimento de contração.

No caso dos Estados Unidos, a S&P Global disse que seu Índice de Gerentes de Compras Composto, que acompanha os setores de manufatura e serviços, aumentou para 55,3 neste mês. Esse foi o nível mais alto desde abril de 2022 e seguiu-se a uma leitura de 54,1 em outubro, com o setor de serviços provando a maior parte do aumento.

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Em reação, o dólar ganhou força, enquanto o euro perdeu. Às 17h11, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,48%, a 107,570.

A expectativa antes dos anúncios fiscais no Brasil, porém, manteve a cautela no mercado de câmbio, o que conduziu as cotações para perto da estabilidade.

“O governo precisa que o pacote fiscal surta um efeito significativo no mercado, até para o controle da inflação. E acabou segurando (a divulgação) para a semana que vem”, comentou Avallone.

No fim da manhã, o Banco Central vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 2 de janeiro de 2025.

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