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Recuperação fiscal está devagar mas segue o rumo, diz Tombini

14/08/2015 10h17

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, admitiu que o processo de recuperação fiscal no Brasil ocorre em velocidade inferior àquela incialmente prevista. No entanto, destacou que a direção permanece a mesma. Segundo ele, a agenda fiscal "tem enfrentado desafios".

Tombini falou no "X Seminário Anual sobre Riscos, Estabilidade Financeira e Economia Bancária" e reiterou que a geração de superávits primários que fortaleça o balanço do setor público é fundamental para o crescimento sustentado. Segundo Tombini, o conjunto de medidas que passa por redução de subsídios, ajuste de tarifas e aumento de impostos regulatórios é necessária para fortalecer os fundamentos da economia. Mas, para a construção de um futuro mais próspero, o país tem de enfrentar gargalos de produtividade e aumento da oferta.

Inflação

Tombini reafirmou que os ajustes de preços relativos na economia brasileira têm colocado importantes desafios à política monetária. Segundo ele, a inflação em 12 meses deve chegar ao pico neste trimestre, para depois entrar em uma trajetória de queda. "A política monetária pode, deve e está contendo os efeitos decorrentes desses ajustes", reiterou Tombini.

Ele praticamente repetiu o tom da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Ele citou que, anteriormente, a mediana das expectativas de inflação para o intervalo 2017 a 2019 estava bem acima de 4,5%. "Agora está mais próximo e as expectativas para 2016 também recuaram." Por isso, disse, a manutenção do juro por um período suficientemente prolongado é necessária para a convergência da inflação à meta de 4,5% no fim de 2016.

Os riscos remanescentes, completou Tombini, são condizentes com o efeito defasado da política monetária. "Por isso é preciso se manter vigilante".

Desafios para emergentes

Tombini lembrou também que as economias emergentes sofrem com a piora nos termos de troca e a possibilidade de alta de juros nos Estados Unidos. Segundo ele, a melhor resposta para esse contexto desafiador é usar a "receita padrão", com o tripé formado por câmbio flutuante, política fiscal responsável e política monetária no regime de metas de inflação.

Ainda sobre o mercado externo, Tombini afirmou que a discussão sobre a alta de juros nos EUA "ganha intensidade", com aumento nas avaliações de que o processo pode começar em "horizonte relativamente curto". Ainda assim, a normalização prossegue de forma ordenada e bem comunicada. "Esse processo é complexo e é natural que venha acompanhado de certa dose de volatilidade", disse.

Sobre a China, Tombini disse que o processo de reorientação da atividade continua, mas "com desafios" como o processo de ajuste da política cambial realizado nesta semana e maior volatilidade nos ativos. Na Europa, Tombini apontou que a atuação do Banco Central Europeu (BCE) via compra de ativos, aliado à queda do petróleo e do euro, continua contribuindo para um aumento da atividade e para afastar o risco de deflação.
 

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