UOL - Qual é a eficácia da roupa da Malwee antiviral?
Guilherme Weege - Com a pandemia, tentamos inovar em produtos diferentes, canais diferentes. Tínhamos uma coleção cancelada no meio do caminho. Decidimos fazer algo e produzimos EPIs, aventais, máscaras. Ao longo da pandemia, fomos inventando coisas novas, inclusive em produtos.
Produzíamos antes da pandemia alguns produtos com nanotecnologia, como roupa que não amassa, com antibactericida, proteção UV —todo o nosso básico infantil, por exemplo, tem proteção UV. A provocação industrial e da engenharia de produto era conseguir fazer uma roupa que conseguisse inativar o vírus.
Com uma empresa suíça, fomos os primeiros a lançar no Brasil um mix de produtos anticovid-19, com efeito comprovado contra o Sars-cov-2, que é o vírus da doença.
Produzimos camisetas e depois evoluímos para roupa fitness, camiseta de manga comprida. Houve muita procura pelas pessoas em grupos de risco. Doamos 50% do lucro de todas as vendas deste produto no nosso e-commerce porque queríamos voltar para a sociedade e, de fato, proteger em especial as pessoas do grupo de risco.
Qual será o futuro das roupas antivirais?
Espero que a indústria inove não apenas em um momento trágico como este, mas use a inovação para ser, em especial, mais sustentável. Convivemos com nanotecnologia há décadas, mas ela é muito mais usada para produzir uniformes, mais para o B2B, e muito menos para o consumidor.
Dá para fazer muita coisa. A Malwee se tornou a primeira marca de moda brasileira a assinar o termo de compromisso da campanha global Business Ambition for 1.5°C: Our Only Future, lançada pela Organização das Nações Unidas [ONU]. Assumimos o compromisso de restringir o aquecimento global em 1,5°C grau. Também assumimos outro compromisso: fazer com que a sustentabilidade seja parte da agenda dos governos durante a pandemia e, em especial, no pós-pandemia.
Temos relações duradouras com nossos funcionários, que trabalham conosco há 40, 50 anos, com fornecedores e clientes. A sustentabilidade é a nossa relação duradoura com o planeta.
Quais foram os grandes desafios da Malwee e os aprendizados na pandemia?
Houve um desespero inicial, em que ficamos meio sem saber o que fazer, pensando em mil planos diferentes. Elegemos alguns pilares. Garantimos saúde e a segurança às pessoas. Nas operações fabris, medimos a temperatura, realizamos testes.
Tentamos manter todos os empregos. Foram noites mal dormidas, mas conseguimos, não só mantivemos os empregos, mas também contratamos mais 4.000 pessoas para produzir EPIs, máscaras, aventais para hospital.
Foi incrível. Contratamos cerca de 260 empresas diferentes para nos ajudar com o volume. Nessas empresas, havia prestadoras de serviço, de costura. Contratamos empresas concorrentes que estavam paradas, sem vendas. Pensamos com desapego, com foco em bater as nossas principais metas.
Criamos o Movimento Compre no Bairro, um portal para o comércio local. Capacitamos o pequeno negócio para lidar com o mundo virtual. Nosso setor, neste ano, deve perder algo em torno de 18%, isso equivale a mais ou menos 80 mil vagas de empregos fechadas.
Criamos plataformas diferentes de vendas de e-commerce. Fizemos linha de crédito, flexibilizamos pagamentos, treinamentos de marketing digital, relacionamento com o cliente online.
E os representantes comerciais?
A Malwee possui em torno de 400 representantes exclusivos. O cenário era desolador, muitas empresas fechadas, muitas em dificuldades financeiras. Garantimos o mínimo para que eles conseguissem sustentar a família. Tenho orgulho do que fizemos com todos os nossos fornecedores, funcionários.
Eu digo sempre que sabemos os amigos que temos nos momentos de dificuldade, e não quando estamos bem. São esses momentos que nos definem. É um momento de reconstruir a nossa nação. Precisamos estar mais unidos e olhando para o próximo, e não só para o nosso umbigo.