Agricultor aposta em minilegumes e lucra com venda a 'gourmets' e crianças
Os vegetais produzidos pelo agricultor Marcelo Abumussi têm tamanho reduzido, mas o negócio que ele conduz é grande. Todo mês, ele colhe cerca de 250 kg de minipepinos, miniberinjelas, minipimentões, minitomates e miniabóboras na fazenda Ituaú, em Salto (a 110 km de São Paulo).
Minimelões e minicenouras também são obtidos na fazenda, em algumas épocas do ano.
As hortaliças em miniatura têm conquistado consumidores que aceitam pagar um pouco a mais para montar pratos diferentes ou refeições mais atraentes para crianças.
O produtor decidiu investir no nicho dos minilegumes há dez anos, para não ficar refém do vaivém do mercado agrícola e para poder "fazer os próprios preços".
"Produzíamos pimentões, tomates, pepinos etc. desde 1992, mas começamos a ver que o preço era o mercado que fazia. Buscamos uma linha diferenciada para ter maior valor de venda", diz o agricultor, que mantém 80 estufas na fazenda.
Segundo ele, enquanto o preço de um quilo de berinjela comum varia de R$ 0,30 a R$ 3, conforme a época do ano, um quilo de miniberinjela sai por R$ 5 e tem preço estável.
Minilegumes representam 25% da produção da fazenda
Os minilegumes representam hoje cerca de 25% da colheita total de uma tonelada de vegetais da fazenda Ituaú, onde 15 empregados cuidam da produção das hortaliças comuns e em miniatura.
Entre os principais compradores dos minilegumes de Abumussi estão a rede de supermercados Pão de Açúcar e a Casa Santa Luzia, que vende alimentos finos na capital paulistas.
Pepinos são colhidos mais cedo; tomates e cenouras têm sementes especiais
O método para se chegar à versão mini dos legumes varia de acordo com o vegetal. O pepino japonês, por exemplo, precisa apenas ser colhido mais cedo. Já o tomate cereja, ou tomatinho, é uma espécie já bastante conhecida no Brasil e tem sementes fáceis de encontrar.
Para produzir as minicenouras, Abumussi utiliza uma variedade importada da Holanda. Suas minicenouras são realmente de uma variedade em miniatura, diferentemente das cenourinhas geralmente encontradas em supermercados --também chamadas de cenouras baby ou cenouretes--, que são obtida por meio do processamento de cenouras comuns em máquinas.
As miniberinjelas e minipimentões também são obtidos com sementes especiais importadas. "A semente de uma miniabóbora custa US$ 1 [R$ 2,19]", afirma o agricultor.
Custo de produção é 40% maior que de hortaliças comuns
Por serem mais sensíveis, os minivegetais precisam ser produzidos em estufas e usam mais mão de obra. "O número de pragas tem aumentado com as variações do clima", diz.
Com a importação de sementes e o maior uso de mão de obra, o custo de produção dos miniprodutos fica cerca de 40% maior do que o de hortaliças comuns.
Segundo Abumussi, a grande vantagem dos minivegetais é a estabilidade dos preços e a produtividade maior, já que eles amadurecem mais rápido.
Enquanto uma abóbora do tipo moranga comum demora de quatro a cinco meses para crescer, e tem preço que varia de R$ 0,30 a R$ 2 o quilo, uma minimoranga precisa de 70 a 80 dias e custa cerca de R$ 20 o kg, exemplifica o produtor.
É preciso ter comprador antes de começar a produzir
Abumussi estima que o mercado de minivegetais venha crescendo a uma taxa de 10% ao ano e já corresponda a 10% da produção nacional. A fazenda Ituaú, segudo ele, tem acompanhado esse ritmo.
Para aqueles que querem investir no mercado, no entanto, o agricultor avisa: ele ainda é bastante específico, por isso é preciso fechar negócio com os compradores antes de começar a produzir.
Excursões estudantis aumentam renda da fazenda
Para elevar o faturamento da fazenda, Abumussi criou o projeto Terra de Gigantes, que abre a propriedade para visitas de crianças. Só em 2012, foram 7.000 visitantes, que representaram cerca de 35% da renda da propriedade. Segundo ele, o número cresce cerca de 12% ao ano.
Os passeios podem durar o dia todo ou apenas meio período, e custam de R$ 40 a R$ 66 por visitante. "Os gigantes são as crianças. [Com o turismo] Agreguei valor à propriedade sem fazer nenhum investimento em estrutura", diz.
Nas visitas, as crianças aprendem sobre a vida do homem do campo e alimentação saudável, conhecem o sistema de produção de minilegumes e têm contato com animais como coelhos, pavões e pôneis.
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