Candidatos têm de decifrar enigmas em jogos de fuga para disputar emprego
Quem está caçando um emprego acaba se acostumando a passar por um funil apertado até alcançar a tão sonhada vaga. São diversas etapas na seleção, como avaliação do currículo, testes online, dinâmicas de grupo e entrevistas presenciais. Se você está nessa situação, pode adicionar mais um processo nessa lista de possibilidades: jogos de fuga.
Também conhecidos como "escape games", eles ganharam popularidade desde o ano passado como uma diversão. São salas decoradas, com temas específicos, repletas de pistas. Resolvendo uma série de enigmas, os jogadores conseguem chegar ao objetivo final, que é sair da sala sem ultrapassar o limite de tempo.
O modelo dos jogos de fuga surgiu no Japão, há cerca de oito anos, espalhando-se por Ásia, Europa e EUA nos anos seguintes. No Brasil, casas que oferecem a brincadeira começaram a se multiplicar desde o ano passado.
Tem que jogar para ser trainee da Nestlé
As empresas, porém, estão vendo esse lazer com outros olhos: como uma possibilidade de treinar competências de seus funcionários e até como método de avaliação de candidatos a emprego.
Esse é o caso da Nestlé, que neste ano fez pela primeira vez uma parceria com a Escape 60, empresa desse tipo de jogo, para desenvolver uma das etapas de seu processo para escolha de trainees.
Os candidatos, que já haviam passado por uma seleção online, tiveram de participar do jogo de fuga montado em um mercado que funciona dentro da sede da empresa, em São Paulo.
Em grupos, eles tinham de abrir uma porta resolvendo três enigmas em até 45 minutos. Ao todo, 72 candidatos passaram pelo jogo, em oito dias de seleção. Enquanto isso, gestores e profissionais de RH avaliavam o desempenho dos candidatos.
Depois do jogo, eles passaram por processos mais tradicionais de avaliação, como entrevistas com gestores. Ao todo, são quatro etapas que os candidatos devem passar para conseguir a vaga.
Sentir o clima real de pressão
Um dos fatores que motivou a Nestlé a buscar essa novidade foi o "efeito surpresa", porque hoje em dia os jovens estão muito mais preparados e acostumados com processos seletivos tradicionais, segundo Gilberto Rigolon, gerente executivo de Recursos Humanos da Nestlé.
Ele afirma que o jogo desenvolvido também permite que o candidato sinta um pouco o clima de como é trabalhar no local. "Acho que aqui é uma forma de ele entrar no jogo e ao mesmo tempo ver o mundo corporativo, os produtos, a pressão do dia a dia. Tem o gestor lá olhando para ele", conta.
Rigolon diz que é avaliado o comportamento dos participantes, como iniciativa, criatividade e capacidade de trabalhar em equipe, mas alcançar o objetivo em si, de abrir a porta antes do tempo, não é fundamental.
Só um grupo conseguiu escapar
"Para a gente não faz diferença, sinceramente, terminar ou não o jogo. Pode haver grupos que terminem, e a gente chegue à conclusão que, pelo comportamento dos que estão lá, nenhum faz sentido trabalhar a gente", diz.
Dos 16 grupos que participaram do jogo, apenas um conseguiu escapar da sala no tempo.
Rispidez e falta de interação são pontos negativos
Alguns comportamentos, como rispidez e falta de interação, são malvistos pelos avaliadores, mas o gerente diz que a etapa não é eliminatória, apenas uma parte de um processo maior.
Segundo Jeannette Galbinski, sócia do Escape 60, a parceria foi inédita por ter sido montada uma sala de jogo dentro da Nestlé, em vez de os candidatos irem a uma das oito unidades da empresa, em seis cidades --São Paulo, Santo André (SP), Rio de Janeiro, Fortaleza, Belo Horizonte (MG) e Curitiba (PR).
Há um ano trabalhando com eventos para RH, Galbinski diz que cerca de 20 empresas usaram a Escape 60 com o objetivo de recrutamento no período. No total, cerca de 500 empresas contrataram os serviços com algum objetivo corporativo, como treinamento, integração de equipes, traçar perfil de funcionários e confraternizações.
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