IPCA
0,83 Mai.2024
Topo

Quais ações sobem ou caem com a Copa do mundo? Vale investir?

Lílian Cunha

Colaboração para o UOL, em São Paulo

13/10/2022 11h00

Esta é a versão online e integral para a edição desta quinta-feira (13) da newsletter UOL Investimentos. Para assinar este e outros boletins e recebê-los diretamente no seu email, cadastre-se aqui. Quem assina o UOL ainda recebe duas newsletters exclusivas sobre investimentos.

A Copa do Mundo do Catar, que começa em 20 de novembro e termina dia 18 de dezembro, já está mexendo com o mercado de ações e com o faturamento das empresas, tanto para o bem, quanto para o mal.

"O evento da Copa por si só alavanca a venda de diversas categorias: eletrônicos, móveis, alimentação e comércios, principalmente bares e restaurantes", diz Marcelo Ikaro, gerente sênior da Peers Consulting & Technology.

Ele cita dados do Google: a busca por aparelhos de TV aumenta 3,4 vezes no período, sofás em 4,4 vezes, churrasqueiras 4,3 vezes. "Cerca de 75% das pessoas no mundo são impactas pelo evento", afirma Ikaro.

Veja abaixo as ações que mais devem ser impactadas com o evento esportivo e se vale investir.

Quais ações valorizam com a Copa? Ações do varejo, como Magazine Luíza (MGLU3), Americanas (AMER3) e de empresas de bebidas, como Ambev (AMBV3), devem ser as mais impactadas. MGLU, por exemplo, já subiu 147% desde 4 de julho, dia em que teve seu menor valor (R$ 2,13). Hoje, a ação está cotada a R$ 5,28.

Além das companhias de bebidas e de varejo de eletrodomésticos, as de produtos esportivos também vendem mais.

Empresas como SBF (SBFG3, dona da Centauro) e Vulcabrás (VULC3, dona no Brasil das marcas Mizuno e Olympikus), que atuam no segmento de roupas e calçados, podem se destacar, já que muitas pessoas tendem a comprar mais itens esportivos na Copa como camisas das seleções, chuteiras, entre outros itens, diz Rodrigo Cohen, analista e cofundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira.

"As pessoas também tendem a comprar itens de alimentação como carnes para churrasco e bebida alcoólica", diz ele. Isso pode beneficiar a JBS (JBSS3) e a Marfrig (MRFG3), além de Assaí (ASAI3) e Carrefour (CRFB3)."Com a Copa se estendendo para dezembro, é bom lembrar que muitas empresas também fazem confraternizações entre funcionários em bares e restaurantes, por exemplo, o que também influencia no aumento do consumo", acrescenta Cohen.

E quais empresas perdem valor? As de saúde, segundo o BTG. Como durante a Copa, os jogos da seleção brasileira costumam ser considerados como dia de folga ou meio período, isso tende a desacelerar algumas atividades.

Ninguém, por exemplo marca consultas ou procedimentos médicos nesses dias. Então, hospitais e laboratórios costumam ter menor faturamento. Saem perdendo provedores como Rede D'Or (RDOR3), Felury (FLRY3), Hospital Mater Dei (MATD3), laboratório Dasa (DASA3) e Kora Saúde (KRSA3).

Neste Mundial, pelo menos três partidas do Brasil acontecerão em dias úteis (24 de novembro, 28 de novembro e 2 de dezembro). E se o Brasil se classificar para a próxima fase em 1º lugar em seu grupo, todas as suas partidas restantes até a final serão em dias úteis.

"Nesse cenário, seria o maior número de partidas disputadas pela seleção brasileira em dias úteis nas últimas quatro edições", destaca o BTG, em relatório para acionistas.

Por outro lado, menos gente nos hospitais e laboratórios é favorável para seguradoras, que vêm sua taxa de sinistralidade (uso do seguro, e consequentemente, despesa para a empresa) cair. Isso é bom para empresas como Bradesco (BBDC4), Porto Seguro (PSSA3) e OdontoPrev (ODPV3).

A Bolsa de Valores, é bom lembrar, vai continuar operando nos horários normais, mesmo em dia de jogos.

E vale investir nessas empresas? Pode haver, sim, um ganho momentâneo - o que é ótimo para quem já tem as ações. Mas não é boa hora para comprar os ativos, diz Ariane Benedito, economista independente especialista em mercado de capitais. "O pequeno investidor que quer surfar essa onda pode sofrer", diz ela.

A Copa, diz Ariane, como todos sabem, é um evento que já estava previsto no calendário. "Não foi só a gente que pensou nos ganhos da Copa. Os grandes investidores institucionais também pensaram e já começaram a especular bem antes, se anteciparam", afirma ela.

Eles fazem aplicações no mercado prevendo o comportamento futuro das ações, o mercado de derivativos. Por isso, os ganhos que a Copa provoca, segundo ela, já podem ter acontecido, diluídos nas últimas semanas.

Os dividendos podem aumentar? Para o investidor que busca ganhos no longo prazo, principalmente o que está de olho no ganho com dividendos e Juros sobre o Capital Próprio (JCP), pode ser um bom negócio.

"O efeito no preço da ação pode ser pequeno ou já até ter acontecido. Mas as vendas realmente crescem e isso melhora as finanças das empresas, o que garante melhores dividendos e JCP", afirma.

Assim como os dividendos, os JCP são uma forma de distribuir seus lucros aos seus acionistas ao longo de seu exercício. A diferença é que há cobrança de 15% de Imposto de Renda.

E o fato da Copa ser em novembro, atrapalha ou ajuda? Para Ariane Benedito, atrapalha. "As vendas de alguns setores se diluem um pouco", afirma ela, citando o exemplo das camisas da seleção. Por conta das eleições, muita gente já comprou a camisa amarela. Outras, não querem nem saber da vestimenta.

A Black Friday, que acontece no dia 25, após a estreia do Brasil contra a Servia, na quinta-feira (24), também pode ficar mais fraca. "As pessoas podem antecipar algumas compras", explica a economista.

O pagamento de auxílios federais para a população, que começou no terceiro trimestre, também pode ter adiantado o consumo que normalmente é feito no fim do ano. Foi por isso, segundo ela, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, divulgado hoje, mostrou alta para os itens de vestuário (1,77% - a maior dentre todos os setores).

Este material não é um relatório de análise, recomendação de investimento ou oferta de valor mobiliário. Este conteúdo é de responsabilidade do corpo jornalístico do UOL Economia, que possui liberdade editorial. Quaisquer opiniões de especialistas credenciados eventualmente utilizadas como amparo à matéria refletem exclusivamente as opiniões pessoais desses especialistas e foram elaboradas de forma independente do Universo Online S.A.. Este material tem objetivo informativo e não tem a finalidade de assegurar a existência de garantia de resultados futuros ou a isenção de riscos. Os produtos de investimentos mencionados podem não ser adequados para todos os perfis de investidores, sendo importante o preenchimento do questionário de suitability para identificação de produtos adequados ao seu perfil, bem como a consulta de especialistas de confiança antes de qualquer investimento. Rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura e não está isenta de tributação. A rentabilidade de produtos financeiros pode apresentar variações e seu preço pode aumentar ou diminuir, a depender de condições de mercado, podendo resultar em perdas. O Universo Online S.A. se exime de toda e qualquer responsabilidade por eventuais prejuízos que venham a decorrer da utilização deste material.