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Aéreas buscam melhorar comida na econômica, com direito a kobe beef e foie gras

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Imagem: Divulgação

David Fickling

19/11/2014 18h26Atualizada em 19/11/2014 18h55

19 de novembro (Bloomberg) - Os passageiros da classe econômica sofreram durante anos com pratos de massa cozida demais e pão dormido nos voos de longa duração. Agora, eles estão experimentando uma culinária mais exclusiva. As companhias aéreas estão se empenhando para atender a parte do fundo do avião.

A Qantas Airways está trocando as bandejas de comida por pratos individuais servidos manualmente nas viagens internacionais, com opções como kobe beef (uma das carnes mais caras do mundo, proveniente de bois da raça wagyu, de origem japonesa) preparada lentamente com polenta e mousse de chocolate.

A Air France-KLM oferece refinadas opções à la carte em algumas rotas, e a British Airways dá aos passageiros da classe econômica uma amostra da comida típica inglesa: filé de bacalhau e batatas fritas.

Deslizes no cardápio podem se espalhar pelas redes sociais

A comida pode representar um desafio marcante para um setor que dedicou mais recursos para promover as lucrativas viagens premium do que as da classe econômica, onde a maioria das pessoas está sentada.

Em uma era em que as redes sociais permitem que qualquer um registre os deslizes culinários, as companhias estão prestando mais atenção aos cardápios na parte de trás do avião, a fim de evitar reações negativas de clientes insatisfeitos.

"O que você faz na classe premium tende a guiar o serviço econômico", disse Tim Clark, presidente da Emirates, empresa que possui a maior frota de gigantes A380, da Airbus, distribuída em uma rede com mais de 140 destinos.

Para a maioria, viajar de avião (e comer a bordo) é uma aventura

Assim como em um restaurante, a comida pode arruinar a reputação de uma companhia aérea se não acertar em cheio.

"A menos que você viaje cinco vezes por semana, para a maioria das pessoas viajar de avião é uma aventura, e a refeição é parte dela", disse Marco Hart, cujo site airlinemeals.net atrai cerca de 45 mil visitantes por mês para ver fotos de refeições em voos. "Viajar de avião impressiona muito as pessoas".

Qantas: 5 milhões de porções individuais de manteiga por ano

Os novos cardápios da Qantas, que serão lançados a partir do dia 25 de novembro, oferecem um único prato principal em uma bandeja pequena, que é entregue junto com o saquinho de talheres.

Os fornecedores de alimentos das companhias aéreas cobram por cada movimento nas linhas de produção. Portanto, ao minimizar a quantidade de itens colocados nas bandejas, a Qantas pode gastar 40% a mais na comida, em cada refeição, sem alterar o total dos gastos.

A alteração também reduz o desperdício e essa economia pode ser relevante para a companhia, com sede em Sidney, que usa 5 milhões de porções individuais de manteiga por ano.

Na Air France, terrine de foie gras e escalopes tostados sob encomenda

No entanto, gastar mais para melhorar a qualidade nem sempre é uma opção possível: a média dos voos das companhias aéreas rendeu, em 2013, lucro suficiente para comprar um sanduíche, de acordo com o diretor-executivo da Associação Internacional de Transportes Aéreos.

Isso não impediu que as companhias buscassem modos inovadores de melhorar a comida para a classe econômica.

Por uma taxa, a Air France oferece aos passageiros quatro opções à la carte, que devem ser reservadas com antecedência, como terrine de foie gras e escalopes tostados com molho Dugléré de laranja.

Embora os passageiros de voos mais curtos na Europa e nos EUA tenham se acostumado com um serviço mínimo e com os lanches comprados em vez de refeições, a rede internacional da Qantas exige que a companhia aérea forneça diversas refeições aos que viajam por muitas horas em aviões grandes, como o A380, que tem dois andares.

Economia com entradas de queijo e vasilhas para sobremesa

O CEO da Qantas, Alan Joyce, pretende resolver o dilema da relação entre o custo e a qualidade economizando em coisas irrelevantes para os passageiros, como entradas de queijo e vasilhas para sobremesas.

Transportar a comida em massa é mais barato e significa que os passageiros vão recebê-la das mãos dos tripulantes, de acordo com a companhia, com o bônus adicional de aumentar a interação entre os funcionários e os passageiros.

"Quem cuida da gente é o consumidor, mais do que o engenheiro ou o planejador do avião", disse o presidente da Emirates, Clark, cuja companhia tem uma parceria com a Qantas.

"Nós nunca perdemos a perspectiva da importância que a classe econômica tem para a empresa, e isso não mudou".