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BCE segue exemplo do Banco da Inglaterra e contrata consultores para analisar suas tarefas

Jeff Black e Alessandro Speciale

28/11/2014 12h59

28 de novembro (Bloomberg) ? O Banco Central Europeu vem fazendo há muito recomendações sobre como a economia da Europa poderia funcionar melhor. Agora, é a vez de ele pedir conselhos.

Como a lista de tarefas do banco está aumentando para incluir a compra de novos ativos e a supervisão bancária, o presidente Mario Draghi pediu à consultoria Egon Zehnder que avaliasse seus procedimentos para melhorar a eficiência, disseram três fontes familiarizadas com o assunto. O estudo começou neste ano com uma pesquisa com os funcionários e entrevistas com a gestão sênior, disseram as fontes, que solicitaram o anonimato porque o assunto não é público.

Dezesseis anos após sua fundação como banco central do euro, as obrigações do BCE se expandiram muito além da política monetária pura. A revisão da Egon Zehnder reflete um exercício realizado em 2013 pela McKinsey Co. para o presidente do Banco da Inglaterra (BOE), Mark Carney, e que ajudou a criar um plano de três anos para fusionar setores e melhorar a coordenação.

A Egon Zehnder apresentou à gestão do banco as conclusões preliminares da sua "revisão de 360 graus" sobre os assuntos que devia abordar, da organização estrutural e da liderança à orientação, disse uma das fontes. O processo continuará nos próximos dois meses com mais reuniões para formular propostas concretas de mudança, disse a fonte, quem acrescentou que a incumbência não inclui a análise de questões orçamentárias.

Um porta-voz do BCE não quis comentar. Um porta-voz da Egon Zehnder disse que não comenta sobre empresas ou indivíduos, sejam estes clientes ou não.

Trabalho de supervisão

Durante uma crise financeira que quase fragmentou a moeda única, o BCE se tornou um dos assistentes nos resgates ? da Espanha e da Irlanda, por exemplo ? como parte da "troika" com a Comissão Europeia e o FMI. A instituição contribui para a reforma mundial das regulamentações financeiras em painéis como o Conselho de Estabilidade Financeira e interveio em mercados de ativos, da dívida de governos aos empréstimos securitizados.

A maior expansão dos seus poderes entrou em vigência neste mês, quando um novo pilar do BCE, o Mecanismo Único de Supervisão, com cerca de mil funcionários novos, assumiu a responsabilidade direta pelo monitoramento dos maiores bancos da região. Quando entrar em ação o Mecanismo Único de Resolução, planejado para lidar com credores inadimplentes da região, o BCE também terá um papel nele.

A análise é o primeiro grande exercício do tipo que o banco central com sede em Frankfurt realiza desde 2005, quando o BCE criou novas funções dentro de diretorias existentes e fusionou outras. A instituição já contratou a Egon Zehnder em 2013, quando lhe pagou 2,1 milhões de euros (US$ 2,6 milhões) por serviços de recrutamento, segundo uma notificação no site do BCE.

Alguns funcionários nos departamentos colaboraram para responderem de forma conjunta a um e-mail enviado como parte da pesquisa da Egon Zehnder que questionava onde estão as fraquezas organizacionais, disse uma das fontes. A análise também visa reduzir a carga de trabalho administrativo que deve ser realizada pela Comissão Executiva do BCE, constituída por seis membros, disseram as fontes.

Alguns funcionários do BOE descreveram o banco central do Reino Unido como "hierárquico" e "lento" na pesquisa feita pela McKinsey em 2013, que foi obtida pela Bloomberg News. Os salários e o engajamento do pessoal foram alguns dos fatores que mais irritavam os funcionários.

Título em inglês: 'Draghi Joins Carney in Hiring Consultants to Review ECB Tasks'

Para entrar em contato com os repórteres: Jeff Black, em Frankfurt, jblack25@bloomberg.net; Alessandro Speciale, em Frankfurt, aspeciale@bloomberg.net