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Cessna prepara seu maior jato de luxo, com mais espaço e velocidade

Divulgação/Cessna
Imagem: Divulgação/Cessna

Thomas Black

13/11/2015 12h39Atualizada em 20/11/2015 19h21

A Cessna, da Textron, provavelmente lançará seu maior jato executivo na semana que vem. O modelo deve atender a procura dos clientes por cabines mais espaçosas e confortáveis e por um alcance maior, segundo analistas e consultores do setor.

A expectativa é de que o novo avião seja capaz de voar até 4.000 milhas náuticas (cerca de 7.400 quilômetros), dando a ele a capacidade de realizar viagens internacionais, e ressuscite um conceito abandonado durante a recessão de 2009, disse Rolland Vincent, ex-executivo da Cessna e da Bombardier e que atualmente é consultor aeroespacial.

"Trata-se de um avião transatlântico", disse Vincent. "O caminho que eles estão percorrendo para diferenciar o avião é com velocidade" e uma fuselagem maior.

Os detalhes a respeito dos planos da Cessna estão começando a surgir dentro do setor antes da conferência anual da Associação Nacional de Aviação Executiva (NBAA, na sigla em inglês), em Las Vegas (EUA).

O diretor-executivo da Textron, Scott Donnelly, sugeriu, durante uma teleconferência em 27 de outubro, uma reformulação da linha Cessna, dizendo que os detalhes seriam revelados no evento da NBAA.

Atualização do Longitude

A Cessna também poderá revelar mudanças no Longitude, que é o maior avião do catálogo da empresa desde sua introdução, em 2012, mas ainda nem foi construído.

Vincent disse que o alcance seria cortado em 15%, para 3.400 milhas náuticas, e que os motores deixaram de ser da Safran e passaram a ser modelos da Honeywell International. Porta-vozes da Textron, da Honeywell e da Safran preferiram não comentar.

O Longitude revisado provavelmente continuará sendo um avião de US$ 26 milhões (cerca de R$ 96 milhões), enquanto a nova aeronave deverá custar entre US$ 30 milhões e US$ 35 milhões (de R$ 111 milhões a R$ 130 milhões, aproximadamente), disse Cai Von Rumohr, analista da Cowen.

Ele disse que o novo Cessna seria um chamado jato supermédio --suficientemente grande para competir no nicho de cabine maior dominado pela Gulfstream, unidade da General Dynamics, pela Bombardier e pela Dassault Aviation.

"Para a Cessna, faz sentido subir para esse nicho e tentar tomar parte desse mercado", disse Von Rumohr.

Teto mais alto: dá para ficar de pé 

O teto do novo avião será mais alto do que a cabine de 1,8 metro que existe atualmente no modelo Latitude, da Cessna, segundo Vincent, Von Rumohr e Brian Foley, um ex-executivo da Dassault que atualmente é consultor aeroespacial.

Poder ficar de pé é um argumento de venda crucial para os compradores que desembolsam milhões pela conveniência e pelo luxo de uma aeronave privada.

Os modelos grandes e médios lideram a recuperação do mercado de jatos executivos desde a crise financeira global. A Cessna já reformulou sua linha de jatos menores para combater um declínio nas vendas provocado pela crise econômica e pela entrada da brasileira Embraer na aviação corporativa, há uma década.

O novo jato da Cessna permitiria que os clientes "se movessem para cima na cadeia alimentar, rumo a um avião maior" e tirassem vantagem dos problemas financeiros da Bombardier, que recebeu um resgate do governo de Quebec devido a atrasos no programa do jato CSeries, disse Foley.

"Isso dará a eles algo para confrontar a Bombardier", disse Foley.

A tentativa anterior da Cessna de construir um jato com uma cabine maior foi o Columbus, cancelado em abril de 2009, apenas um ano após ser revelado. A Textron planejava um investimento de US$ 780 milhões para desenvolver o avião, que teria um alcance de 4.000 milhas náuticas e preço de tabela de US$ 27 milhões.

Impacto de Donnelly

Os novos modelos foram uma marca do mandato de Donnelly desde que ele chegou à Textron, em 2009, vindo da General Electric.

Ele comprou a Hawker Beechcraft para sua divisão de aviões de hélice e fechou as operações com jatos da empresa. Nos últimos três anos, a Cessna lançou oito produtos renovados ou novos, incluindo o jato de pequeno porte Citation CJ3+ e o de médio porte Latitude, que transporta até nove pessoas.

"Scott tem estado muito focado em impulsionar um novo produto em cada um dos segmentos", disse Sam Pearlstein, analista da Wells Fargo. "É isso que você realmente precisa para estimular a procura no mercado de jatos executivos".