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Barclays é multado por não investigar 'transação elefante'

Donal Griffin e Suzi Ring

26/11/2015 15h06

(Bloomberg) - O Barclays Plc foi multado em 72,1 milhões de libras esterlinas (US$ 109 milhões) pelos reguladores do Reino Unido por não investigar completamente um grupo de clientes "politicamente expostos" com fortunas líquidas ultra-altas ligados a uma transação de 1,9 bilhão de libras.

O credor executou a chamada "transação-elefante" em 2011 e 2012 para vários clientes, disse a Autoridade de Conduta Financeira (FCA, na sigla em inglês) em um comunicado nesta quinta-feira. Apesar de que os indivíduos deveriam ter sido "sujeitos a níveis elevados de diligência devida e monitoração", o Barclays não seguiu os procedimentos padrão "e preferiu, em vez disso, aceitar os clientes tão rápido quanto possível" e gerar 52,3 milhões de libras em receita, disse a FCA, sem divulgar a identidade dos clientes.

A última multa por má conduta no passado é um golpe para o presidente John McFarlane, que fez da "ética de alto rendimento" uma das suas três prioridades enquanto o Barclays tenta recuperar a confiança dos investidores e reforçar o crescimento dos lucros. O banco com sede em Londres disse no dia 29 de outubro, quando cortou uma meta de rentabilidade para 2016, que não antecipa que os custos ligados a casos anteriores de má conduta diminuam no futuro próximo, em parte devido aos custos mais altos de compensação.

"O Barclays ignorou seu próprio processo pensado para se salvaguardar contra o risco de crimes financeiros e deixou passar sinais vermelhos óbvios a fim de obter novos negócios e gerar uma receita importante", disse Mark Stewart, diretor de cumprimento da lei da FCA, no comunicado. "Isso é totalmente inaceitável".

A multa é a maior já imposta pela FCA e seu predecessor pela inação relacionada a crimes financeiros, segundo o comunicado.

Detalhes confidenciais

A transação envolveu investimentos em notas garantidas por garantias subjacentes e bonds de terceiros, segundo o comunicado. Foi a maior do seu tipo executada pelo Barclays para particulares, disse a FCA.

Os funcionários do banco não investigaram adequadamente a fonte dos fundos dos clientes apesar do maior risco de crimes financeiros, disse a FCA. Os gerentes não entenderam os riscos de crime envolvidos e se preocuparam com quanto tempo a aprovação da transação demoraria. Um executivo disse que ele desejava "correr para completar isso".

A abordagem do Barclays consistiu em solicitar informação só se fosse absolutamente necessário e o banco não quis "irritar" os clientes, disse a FCA. Os gerentes que trabalharam na transação concordaram com manter confidenciais os detalhes desta e as identidades dos clientes, até mesmo dos colegas, segundo o órgão regulador. Se os executivos revelassem quem foram os particulares ricos, eles teriam que pagar-lhes 37,7 milhões de libras em compensações, disse a FCA.

Cooperação plena

"O FCA não concluiu que o Barclays facilitou nenhum crime financeiro em relação à transação ou aos clientes em cujo nome esta foi executada", disse o credor em um comunicado publicado nesta quinta-feira. "O Barclays cooperou plenamente com a FCA durante todo o processo e continua empregando recursos e capacitação importantes a fim de garantir a conformidade com todos os requerimentos legais e regulatórios".

As ações do Barclays subiram 1,1 por cento, para 2,2395 libras às 10h20 em Londres. Elas caíram cerca de 8 por cento neste ano.

Título em inglês: 'Barclays Fined for Failings on $2.9 Billion 'Elephant Deal' (1)'

Para entrar em contato com os repórteres:

Donal Griffin, em Londres, dgriffin10@bloomberg.net; Suzi Ring, em Londres, sring5@bloomberg.net