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BTG pode dar a gestores ações da unidade de commodities, dizem fontes

Andy Hoffman

10/02/2016 14h24Atualizada em 10/02/2016 17h25

(Bloomberg) -- O Grupo BTG Pactual planeja conceder ações da sua unidade de commodities para gestores e investidores, em um acordo que daria participação minoritária aos seus principais executivos, como o presidente Ricardo Leiman, disseram duas pessoas com conhecimento do assunto.

Se o plano for concretizado, a BTG Pactual Commodities pode ser avaliada em mais de US$ 1 bilhão, disse uma das pessoas, sob condição de anonimato porque as discussões são privadas.

A unidade caminhava para um lucro de mais de US$ 426 milhões no ano passado antes do pagamento de juros e bônus, segundo um documento visto pela agência de notícias Bloomberg News.

A decisão tem por objetivo reter os principais talentos e preservar o valor da unidade de commodities, criada em 2013. Visa também, segundo as fontes, tranquilizar credores e parceiros comerciais depois que o fundador e ex-presidente do banco, André Esteves, foi preso em novembro, em uma investigação de corrupção.

O BTG manteve negociações com potenciais compradores da unidade de commodities no final do ano passado, mas as discussões não levaram a um acordo.

Pela nova proposta, um grupo de 25 a 30 gestores e investidores receberia ações e converteria pagamentos de bônus em uma fatia da unidade. O plano ainda está em negociação e precisaria de aprovação do conselho do banco e de autoridades regulatórias brasileiras, disse uma das fontes.

Procurado, o BTG não quis comentar.

Por meio de seus advogados, Esteves, que foi transferido para prisão domiciliar em dezembro, negou qualquer irregularidade. O BTG disse que não faz parte da investigação.

A estrutura exata da transação proposta ainda não foi finalizada, disseram as fontes. Leiman e outros gestores e investidores não terão participação majoritária após o negócio, disseram as pessoas.

Sob a liderança de Leiman, ex-presidente do Noble Group, a unidade de commodities cresceu rapidamente em dois anos e garantiu um lugar atrás de algumas das maiores investidoras do mundo.

O BTG espera negociar 30 milhões de toneladas de matérias-primas como grãos, açúcar, petróleo e metais em 2016, segundo o documento obtido pela Bloomberg.

Além de Leiman, o diretor de risco, Dean Morris, o diretor de operações, Nick Brewer, e o diretor financeiro, Gabriel Melamed, fazem parte da equipe de gestão da empresa.

Lucro líquido

O lucro líquido total do BTG Pactual em 2015 subiu para R$ 4,62 bilhões (US$ 1,18 bilhão), de R$ 3,42 bilhões no ano anterior, segundo resultados publicados no site da empresa. O banco não deu um número separado para a unidade de commodities.

Com sede em Londres e mais de 650 funcionários em 34 escritórios espalhados pelo mundo, o negócio de commodities do BTG Pactual "foi baseado em uma estratégia 'asset light' com três componentes principais de receita e retornos: crédito, merchandising de commodity físico e trading proprietário financeiro de commodity", de acordo com o documento.

O comércio de carvão respondeu por 40% da receita em 2015, o de energia, por 24%, o de minério de ferro, por 15%, e o de agricultura, por 11%. A empresa também diz ser "uma das maiores empresas de armazenagem do mundo".

A BTG Pactual Commodities teve acesso a linhas de crédito aprovadas de US$ 6,7 bilhões em 2015, segundo o documento.

O BTG Pactual Bank respondeu por US$ 525 milhões do crédito total. Doze bancos europeus responderam por US$ 3,9 bilhões do financiamento da unidade de commodities, incluindo US$ 2,3 bilhões em linhas garantidas e não garantidas.

O valor patrimonial da unidade de commodities do BTG aumentou de US$ 355 milhões em 2013 para US$ 1,4 bilhão em 2015, de acordo com o documento.