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Cepal afirma que ciclo econômico da América Latina está perto de seu "limite"

22/11/2013 00h34

Brasília, 21 nov (EFE).- A secretária executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), a mexicana Alicia Bárcena, disse nesta quinta-feira (21) em Brasília que o "ciclo econômico da América Latina está chegando ao seu limite" e que agora são necessários "Estados sólidos" para evitar que os progressos da última década sejam perdidos.

Alicia participou de uma reunião com os responsáveis da área de planejamento dos países da América Latina e do Caribe, e os alertou sobre o momento de "incerteza" da economia global, que em 2013 crescerá em torno de 3,1% e 3,6% em 2014, de acordo com as previsões.

Segundo a secretária executiva da Cepal, esse crescimento baixo pode criar dificuldades para as principais economias emergentes e, especialmente, todos os países da América Latina e do Caribe.

"Vivemos um contexto de enorme dificuldade", com um "panorama muito complexo" e uma "lenta recuperação econômica marcada pela incerteza", disse Alicia.

Para a secretária, "aconteceram muitos avanços na última década" na América Latina e no Caribe, que se manifestaram, sobretudo, em termos de crescimento econômico, emprego, redução da pobreza e da desigualdade.

Mas, segundo ela, mesmo com essa evolução a América Latina continua sendo a região com os "maiores índices de desigualdade do mundo" e seu crescimento depende de fatores "instáveis", como as exportações de matérias-primas e o apetite do consumo interno.

Alicia explicou que, embora a economia da região "cresça mais que a média mundial", ainda não é o suficiente para superar "uma dívida histórica impressionante", que se expressa "na pior distribuição de renda do mundo", com índices muito baixos de investimento e poupança.

A secretária disse que as regiões da América do Sul, América Central e do Caribe representam "três realidades diferentes", mas que todas são "dependentes do consumo e das exportações líquidas", o que gera "uma grande vulnerabilidade externa".

Também alertou que as exportações começam a "se contrair" em "um cenário de taxas de câmbio flexíveis", e por isso a América Latina deve "se preparar para um destino incerto".

A secretária argumentou que a "vulnerabilidade externa" regional pode chegar inclusive a um grau maior quando "forem suspensos os incentivos à economia dos Estados Unidos" ou quando acabar o que ela definiu como "ciclo do super fluxo de matérias-primas".

Para Alicia, o modelo latino-americano, baseado nas exportações de matérias-primas e no consumo interno, "está chegando ao seu limite" e nesse tempo não ocorreram modificações na "estrutura produtiva" na região que se manteve com "baixos índices de produtividade".

A funcionária da Cepal estipulou que esse "limite" será definido pelo mercado internacional de matérias-primas e pelo "dinamismo do consumo interno", que começa a se "esgotar".

Além disso, afirmou que a região "ficou para trás na revolução tecnológica" e vive a "incerteza" de um mundo com grandes "disparidades globais" e no qual "os acordos comerciais avançam fora da Organização Mundial do Comércio (OMC)".

Segundo Alicia, "o mundo agora se reorganiza em torno de Ásia, América do Norte e Europa, e a América Latina e o Caribe continuam na periferia".

Nesse contexto, avaliou que "a pobreza e a miséria foram reduzidas em 20%" na América Latina e no Caribe nos últimos anos, mas lembrou que ainda existem "57 milhões de pessoas na pobreza extrema" na região.

No entanto, ao remar contra a persistente recessão econômica global, Alicia afirmou que agora o desafio dos países será dobrado: atender a população que continua na miséria e "impedir a volta" dos que saíram da pobreza, mas com um cenário de certeza no âmbito externo.

Como alternativa, a secretária pediu que a América Latina e o Caribe se consolidem em "Estados sólidos", recuperem o "planejamento estratégica" e, no longo prazo, melhorem seus índices de produtividade para buscar uma maior inserção no plano internacional.

Também pediu um aumento nos índices de investimento, que na média giram em torno de 22% do PIB "graças a poucos países, como Brasil e Equador", mas que em outros "não chegam a 15%, quando deveríamos ter uma média regional de 30%".

Por Eduardo Davis