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Passeadores de cães começam atividade com R$ 300 e viram empresários

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

07/06/2013 06h00

Com um investimento de R$ 300, o empresário Fernando Baiardi, 47, largou o emprego em uma multinacional na capital paulista, em 1996, comprou saquinhos plásticos e coleiras e resolveu se tornar um passeador de cães.

A mudança gerou preocupação da família e dos amigos, mas Baiardi não desanimou com os questionamentos. “Desde criança gostei de cachorros e vi que o mercado pet, cedo ou tarde, iria estourar. Por isso não me preocupei com o que falavam.”

Com o novo emprego, ele chegou a faturar R$ 7.000 por mês. Hoje, o carro-chefe da Cão Ativo, empresa de Baiardi, é a formação de profissionais do setor pet, como passeadores, babás e adestradores de cães.

Outro que viu o potencial do mercado pet foi Paulo Carreiro, 36, que investiu R$ 500 para comprar material (saquinhos plásticos e coleiras) e uma camiseta para começar a passear com cães próximo ao parque do Ibirapuera, em São Paulo (SP).

Depois de 12 anos, Carreiro é dono da Dogwalker, uma creche e hotel para cachorros que recebe, em média, 70 animais por dia. As mensalidades variam de R$ 420 a R$ 610, dependendo da frequência do cão.

Além disso, o empresário ministra cursos para profissionais do setor pet. Os valores variam de R$ 420 a R$ 1.150, dependendo do curso. O faturamento não foi divulgado.

Carreiro teve a ideia de trabalhar como "dog walker" (passeador de cães) durante uma caminhada no parque do Ibirapuera. Ele viu que muitas domésticas passeavam com os cães dos patrões e decidiu se oferecer para fazer a atividade.

Na própria casa criou um site (ele era webdesigner), imprimiu cartões de visita e passou a divulgar o serviço no parque.

“Na época, quem atuava como ‘dog walker’ era informal. Decidi que iria fazer um negócio profissional”, afirma.

Novela impulsionou negócio

A expansão do negócio, segundo o empresário, começou em 2003. Estava no ar a novela “Mulheres Apaixonadas”, da Rede Globo, em que a atriz Carolina Dieckmann interpretava Edwiges, uma passeadora de cães.

“A novela ajudou a trazer clientes. Já havia a necessidade pelo serviço, mas as pessoas, até então, não sabiam que existia a atividade de passeador de cães”, diz.

Carreiro declara que chegava a passear com até dez animais por dia e faturava R$ 3.500 por mês no início do negócio.

A partir de 2005, o empresário passou a investir na creche para cachorros. Ao longo de três anos ele aplicou R$ 180 mil para adequar um imóvel alugado às necessidades do negócio.

“Os próprios clientes me pediam para cuidar dos animais enquanto saiam para viajar ou trabalhar. Chegou um momento em que não tinha mais espaço em casa. Se não abrisse a creche, perderia uma grande oportunidade de negócio”, diz.

Ainda hoje, a empresa mantém o serviço de passeador de cães que deu origem ao negócio. O preço é de R$ 20 por passeio, que dura de 40 minutos a uma hora.

Baiardi também expandiu o seu negócio e preservou o serviço de "dog walker". Segundo ele, o melhor momento da atividade, foi em 2004, quando passeava com até 36 cachorros no mesmo dia e chegava a faturar R$ 7.000 por mês.

Hoje a atividade de “dog walker” da Baiardi é exercida por ex-alunos do empresário que utilizam o nome da empresa, numa espécie de licenciamento de marca. A mensalidade do serviço custa R$ 380 e os passeios são diários. O faturamento não foi divulgado.

Atividade exige preparo

Apesar de ser uma atividade aparentemente fácil, o presidente executivo da Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), José Edson Galvão de França, diz que é preciso preparo para se tornar um passeador de cães.

Segundo França, além de equipamentos como coleira, focinheira, sacos plásticos e tênis para caminhada, o empreendedor deve entender o comportamento canino.

“Há cães mais ativos, que precisam gastar mais energia, e outros mais instintivos, que precisam de maior atenção. O empreendedor tem de gostar do animal e ter muita paciência”, declara.

A Cão Ativo e a Dogwalker  oferecem cursos para formação de passeadores. Os preços são R$ 380 e R$ 560, respectivamente.

O presidente da Abinpet diz ainda que o “dog walker” precisa conhecer a legislação específica para animais. Em São Paulo, por exemplo, cães de grande porte como pit bulls e rottweillers são obrigados a passear com guias curtas e focinheiras.

Além disso, em várias cidades do país, o passeador é obrigado a recolher as fezes do animal em vias públicas. “Se o empreendedor não cumprir tais determinações, alguém pode se machucar e o prejuízo ser maior do que o financeiro”, declara França.

De acordo com dados da Abinpet, o setor pet faturou R$ 14,2 bilhões, em 2012. O valor é 16,4% superior ao ano anterior (R$ 12,2 bilhões). Ao todo, há 37,1 milhões de cachorros no país, segundo a entidade.