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Carro-forte leva até jogador de futebol, Viagra e bolinhas da Mega Sena

Mariana Bomfim

Do UOL, em São Paulo

19/08/2015 06h00

Quem vê um carro-forte passando pela rua, fortemente escoltado, não imagina que ali dentro pode haver um jogador de futebol, um carregamento de Viagra ou uma carta histórica com 500 anos.

Companhias que fazem transporte de valores, com carro-forte e seguranças armados, não carregam só sacos de dinheiro, de empresas para bancos, por exemplo. Elas também oferecem o serviço para qualquer um que quiser transportar um objeto de valor.

O valor do objeto, às vezes, é apenas afetivo, segundo Alcides Roberto Martins, superintendente de logística global da Brink's, uma das empresas que prestam esse serviço. “Já guardamos até negativo de foto”, ele diz. Além de transportar, as empresas mantêm itens em seus cofres.

O mais frequente é que o objeto tenha valor no mercado. É o caso do medicamento Viagra, usado contra a impotência sexual. Martins diz que a empresa faz a segurança do transporte, do laboratório farmacêutico aos centros de distribuição das drogarias, porque o Viagra é uma carga muito visada por ladrões. “É muito fácil de ser vendido no mercado negro”, diz. A Prosegur também transporta o remédio.

A Protege, outra empresa do ramo, transportou as bolinhas usadas no sorteio da primeira Mega Sena da Virada, em 2009, segundo José Edgard Ferreira da Trindade, gerente de logística de valores da empresa.

As 164 bolinhas lacradas em uma caixa de madeira foram levadas de um prédio da Caixa Econômica Federal, na avenida Paulista, em São Paulo (SP), para o bairro da Luz. O ganhador levou R$ 144,9 milhões.

Jogador do Cruzeiro chegou ao estádio em carro-forte

A “carga” mais inusitada que a companhia Prosegur já carregou foi um jogador de futebol, segundo Alessandro Abrahão, diretor-geral de logística de valores da empresa. Contratado pelo Cruzeiro em 2013, o meio-campista Júlio Baptista foi apresentado à torcida no estádio Mineirão e chegou ao centro do gramado dentro de um carro-forte. O jogador está no clube até hoje.

Até um documento com 500 anos, talvez o mais famoso da história do Brasil, já esteve aos cuidados de uma empresa de transporte de valores, a Brink's. A carta em que Pero Vaz de Caminha descreve aos portugueses, pela primeira, vez, as terras que viriam a ser o Brasil, foi trazida de Portugal para as comemorações dos 500 anos do Descobrimento do país, em 2000.

“A carta chegou ao aeroporto de Guarulhos e ali mesmo, na pista, foi passada para as mãos de um funcionário nosso”, diz Martins.

A carta de Pero Vaz de Caminha foi exposta em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Salvador e Brasília, antes de se levada de volta para Portugal.

Empresa cobra seguro de até 1% do preço do objeto

Além dos custos com a operação (carro-forte, cofre e seguranças), as empresas cobram uma taxa, que varia conforme o valor do objeto transportado. A Protege diz que a taxa é de 0,04% do valor, em média. A Prosegur diz que ela pode chegar a 1%. A Brink's não informou sua taxa.

A cobrança serve para pagar o seguro do objeto.

Porém, é difícil medir o valor de itens como a carta de Caminha. “Não tem preço", diz Martins. “Você estabelece um valor para o seguro mas, se a carta for roubada, não tem como fazer outra.”

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