OAB e Igreja criticam reforma da Previdência e pedem auditoria no INSS
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), representante da Igreja Católica, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e o Cofecon (Conselho Federal de Economia) publicaram nesta quarta-feira (19) uma nota conjunta na qual criticam a reforma da Previdência proposta pelo governo e pedem que seja feita uma auditoria nas contas da Previdência Social.
As três entidades defendem que "sem números seguros e sem a compreensão clara da gestão da Previdência, torna-se impossível uma discussão objetiva e honesta" sobre a reforma.
Na nota, as entidades também criticam a falta de discussão do tema e o ritmo apressado com o o qual o governo tenta aprová-lo no Congresso Nacional. "A reforma da Previdência não pode ser aprovada apressadamente, nem pode colocar os interesses do mercado financeiro e as razões de ordem econômica acima das necessidades da população. Os valores ético-sociais e solidários são imprescindíveis na busca de solução para a Previdência", diz o documento.
Prejuízo aos mais pobres
Outro argumento das entidades é que a reforma, da maneira como está, prejudicaria os mais pobres. Segundo a nota, dois terços dos aposentados e pensionistas recebem o benefício no valor de um salário mínimo, enquanto 52% não conseguem completar os 25 anos de contribuição.
"Não é correto, para justificar a proposta, comparar a situação do Brasil com a dos países ricos, pois existem diferenças profundas em termos de expectativa de vida, níveis de formalização do mercado de trabalho, de escolaridade e de salários", afirma o documento.
Além disso, a nota conjunta diz que a reforma da Previdência vai na direção oposta ao crescimento econômico e à geração de empregos, pois "agrava a desigualdade social e provoca forte impacto negativo nas economias dos milhares de pequenos municípios do Brasil".
Governo diz que argumento é mentira
O governo, por sua vez, nega que a reforma da Previdência vá prejudicar a população mais pobre. Na última terça-feira (18), o presidente Michel Temer afirmou que esse é um argumento "mentiroso".
"Convenhamos, ninguém quer fazer mal ao país. Dizem que essa reforma da Previdência vai pegar os pobres. Vou usar uma palavra forte: mentira. Mentira, porque 63% do povo brasileiro ganha salário mínimo, portanto, [a reforma] não vai atingir os pobres. Os que resistem e fazem campanha são os mais poderosos, são aqueles que ganham mais", disse o presidente.
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