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Petrobras reajusta gasolina em 6% e eleva diesel em 4% nas refinarias

Apu Gomes/Folhapress
Imagem: Apu Gomes/Folhapress

30/09/2015 09h34

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A Petrobras anunciou na noite de terça-feira (29) aumento de 6% nos preços da gasolina e de 4% no diesel nas refinarias a partir desta quarta-feira, no primeiro reajuste desses combustíveis da atual diretoria, num momento em que a forte alta do dólar frente ao real impacta custos de importação e eleva o endividamento em moeda estrangeira da companhia.

O último reajuste foi aplicado em novembro de 2014, ainda na gestão da presidente Maria das Graças Foster, quando a alta da gasolina foi de 3% e a do diesel atingiu 5%.

Com o reajuste, a diretoria comandada por Aldemir Bendine, que assumiu o posto de presidente em fevereiro, busca ganhar a confiança do mercado, ainda que haja falta de clareza sobre a fórmula para a alta dos preços dos combustíveis.

"Nós buscamos preços competitivos e alinhados ao mercado internacional. Essa é a política do presidente Bendine para garantir a competitividade da companhia. A meta é ter custos competitivos, mas temos de ter preços competitivos", afirmou uma fonte da empresa, na condição de anonimato.

"Se o dólar subir mais ainda, é claro que vamos ter que fazer novo aumento para manter preço competitivo", disse a fonte.

Reajuste não compensa defasagem

Embora os preços internacionais do petróleo tenham caído dramaticamente, o enfraquecimento de 35% do real contra o dólar neste ano significa que os preços na bomba no Brasil permanecem relativamente baixos.

No caso da gasolina, o reajuste não é suficiente para compensar a defasagem de preços da Petrobras em relação ao mercado internacional, que estava em 9 por cento na terça-feira, segundo estimativa do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), por conta da disparada do dólar.

O diesel, no entanto, será vendido pela Petrobras com um prêmio ainda maior ante os valores externos. Na terça-feira, o diesel era vendido no Brasil 11% acima do mercado internacional.

"O governo teve bom senso, é um aumento muito pequeno, gera mais receita. Mas para ser excelente para o mercado tinha que ser 10% a 12%, e isso não foi dado isso", disse o diretor do Cbie, Adriano Pires.

Alta terá impacto na inflação

O reajuste deverá ter impacto na inflação, especialmente no caso da gasolina, que integra o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), cujo índice já está elevado.

Segundo o economista da Fundação Getúlio Vargas André Braz, o impacto na inflação do reajuste da gasolina será de 0,15 ponto percentual no IPCA de outubro. Na bomba de combustível, o aumento da gasolina ficará em torno de 4%.

No diesel, o impacto inflacionário é muito pequeno em um primeiro momento, com o mesmo raciocínio valendo para os preços na bomba.

Empresa tem dívida crescente

O aumento vem em um momento em que a Petrobras se confronta com dívida crescente, a queda dos preços do petróleo e um escândalo de corrupção de grandes proporções.

Alinhar os preços domésticos aos níveis internacionais é vital para as finanças da Petrobras e para permitir que a companhia venda atidos de refinarias, afirmaram fontes com conhecimento direto do tema anteriormente à agência de notícias Reuters.

O novo plano de investimentos da Petrobras 2015-2019 tem como premissa a paridade de preços de combustíveis e também depende da conclusão de um ambicioso plano de desinvestimentos, que soma mais de US$ 15 bilhões apenas até o fim do próximo ano.

Por muitos anos, a empresa amargou prejuízos bilionários na divisão de Abastecimento ao importar gasolina e diesel por valores mais altos do que os praticados na venda dos produtos no mercado interno.

(Por Stephen Eisenhammer, Rodrigo Viga Gaier, Roberto Samora e Marta Nogueira)

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AFP