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A importância do poder de liderança do empreendedor

Rose Mary Almeida Lopes

Colunista do UOL, em São Paulo

15/03/2013 06h00

Novamente volto-me às características soft do empreendedor. E entre elas contam muito as suas habilidades de comunicação, motivação, autoconhecimento e controle de emoções que o capacitam para lidar e liderar as pessoas à sua volta.

Essas competências compõem a liderança empreendedora  –um processo amplo, complexo e em evolução.

Abarca a liderança dentro e fora da organização, com todos os grupos de interesse. E enfocarei apenas alguns aspectos.

A liderança empreendedora tem como grande ponto de apoio o conhecimento sobre si. Desde o início o (a) empreendedor (a) precisa saber quais são seus pontos fortes que servirão de alavanca ao seu projeto empreendedor.

É importante encarar os pontos de dificuldade e as situações nas quais não daria conta de conduzir as atividades necessárias de implantação e, depois, na operação e alavancagem do crescimento de seu negócio.

Esse processo é gradual, depende do amadurecimento e da consciência de que não pode ser um (a) super-homem (mulher). Suas capacidades são finitas, portanto, necessitará estender e complementá-las por meio dos outros.

É humano e sábio reconhecer que precisa de outras pessoas para dar conta de todas as atividades e tarefas.

Porém, desde o início o (a) empreendedor (a) precisa se comunicar de forma eficaz a ponto de influenciar, conseguir o apoio e a participação das diferentes pessoas: sócio, fornecedor, investidor, mentor, colaborador e profissionais dos órgãos municipal, estadual e federal.

E sua forma de se comunicar vai sendo aperfeiçoada à medida que observar os resultados obtidos a partir dos estilos de comunicação.

De fato, o empreendedor se dá conta de que esse processo é uma das facetas importantes de sua liderança empreendedora: tanto a comunicação oral, face a face ou não, e a comunicação por escrito.

Para melhorar: só instigando e elaborando continuamente o feedback dos outros.

Outro ponto é a gestão de uma equipe de colaboradores, informal ou formalmente contratados. Essa habilidade é posta à prova desde o momento de escolha dos colaboradores, dado que o erro traz desgaste e compromete os resultados.

É prudente pedir ajuda. Sei que na fase inicial não há dinheiro para contratar consultoria. Entretanto, sempre existe alguém mais experiente em sua rede e que pode ajudar, sem ônus.

A opinião externa lhe auxiliará a perceber outros aspectos do (a) candidato (a), ou depois, dos colaboradores. Essa troca de opiniões com um interlocutor que você respeita - e não seja apenas para concordar - é muito salutar no seu processo de liderança e gestão.

Mesmo que tenha sócios, um observador externo pode contribuir com pontos de vista menos “contaminados”.

Certamente que melhorar o estilo de liderança demanda esforço, autoconhecimento e conhecimento. Vale recorrer também a instrumentos capazes de ampliar a sua consciência e ciência do estilo ou estilos que usa. Aqui vai uma dica.

Daniel Goleman, baseado em pesquisa, identificou seis estilos que impactam diferentemente o clima interno, funcionando melhor em determinadas situações. Impactam positivamente: o confiável, o agregador, o democrático e o conselheiro.

O confiável contagia as pessoas e as direciona para uma visão, estimulando-as a enfrentar e implementar as mudanças necessárias. O agregador promove e alimenta os laços afetivos entre as pessoas, motivando-as, sobretudo, a superar situações estressantes ou traumáticas.

O democrático, um estilo mais conhecido, promove a contribuição de todos, impulsionando o consenso. O conselheiro atua como um orientador das pessoas, destacando o desenvolvimento delas.

Os que impactam negativamente –pelo menos no médio e longo prazo– são os estilos coercitivo e agressivo. O coercitivo focaliza no agora, na crise, na emergência ou no colaborador - problema. Direciona a ação e resolve a situação sem dar margem a discussão.

Pode ser útil para dar conta na fase inicial de crises e emergências, porém, se mantido, vai corroer o clima. O estilo agressivo foca nos altos resultados a serem obtidos da equipe, mirando mais no presente.

Pegando uma equipe competente e motivada, os resultados vão aparecer. As dificuldades surgirão na continuidade de seu uso.

Assim, tente usar mais de um estilo de liderança, procurando prover visão, direção, mas também motivação e abertura ao diálogo. Amplie o seu repertório de comportamentos e de comunicação.

E sempre consulte: externa e internamente, para melhorar seu prumo e o rumo do seu empreendimento.