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Carla Araújo

Ramos defende Forças Armadas, negociações com centrão e nega corrupção

Ministros Luiz Eduardo Ramos e Walter de Souza Braga Netto - Marcos Corrêa/Presidência da República
Ministros Luiz Eduardo Ramos e Walter de Souza Braga Netto Imagem: Marcos Corrêa/Presidência da República

Do UOL, em Brasília

26/05/2020 20h14

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Após ampliar a negociação com parlamentares para construir uma base de apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, divulgou há pouco uma carta para defender as Forças Armadas, ressaltar que são naturais as negociações com o Congresso e também fez críticas à imprensa.

O documento é endereçado aos seus colegas de turma do Exército, mas foi enviado pelo ministro para diversos jornalistas.

"Não sou e nunca fui político", escreve o general, que ainda está na ativa. "A formação de uma Base Governamental é necessária para a aprovação dos inúmeros projetos clamados pela sociedade e é parte importante da minha missão, que será cumprida! Por mim não passa nada que não seja republicano, legal e ético! Por isso tenho sido alvo de constantes ataques!", explica o ministro.

Ao lado do ministro da Casa Civil, o também general Walter Braga Netto, Ramos tem mantido diretamente contato com os parlamentares do chamado centrão, que querem espaço - ou seja, cargos - no governo Bolsonaro em troca de apoio.

Os dois ministros foram, inclusive, os responsáveis por refazer a ponte entre o Executivo e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

O ministro disse ainda que "a troca de funcionários de governos anteriores (de partidos que não apoiam os projetos) por funcionários da Base (que apoiam os projetos) é um movimento natural e previsto". "Nenhuma nomeação (sob minha responsabilidade) ocorre fora dos critérios técnicos (capacitação profissional) previstos em decreto presidencial e após intensa pesquisa da vida pregressa do indicado, sob aspectos morais, jurídicos e político-ideológicos, realizada pelo SINC (Sistema Integrado de Nomeações e Consultas)", esclarece.

Exaltação às Forças Armadas

Diante do acirramento da crise entre as instituições, após o outro ministro palaciano, general Augusto Heleno (GSI) criticar abertamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e falar em "consequências imprevisíveis" para o país, cresceu o receio de uma espécie de intervenção ou golpe.

Na carta enviada aos colegas de turma e a jornalistas, Ramos diz que "a imprensa ideológica parcial é nociva e buscará a todo custo denegrir a imagem das Forças Armadas, como tem feito ao longo de nossa história". "Não acreditem nas falácias diárias que tentam nos abater o moral. Não existe corrupção nesse governo!", diz o ministro.

A declaração é forte e Ramos pode vir a ser cobrado futuramente caso venham à tona irregularidades praticadas no governo Bolsonaro. O presidente é atualmente alvo de um inquérito que apura supostas interferências na Polícia Federal (PF).

"É pelo respeito que tenho ao meu Exército que estou divulgando essa mensagem para esclarecer a verdade! Acredito ser um homem de coragem e me orgulho disso, por isso não temo em ser atacado diuturnamente, isso faz parte do combate, somos profissionais da guerra, formados para isso, mas não vou aceitar que me usem para atacar minha amada instituição", escreve o ministro.

Mais cedo, em coletiva no Palácio do Planalto, Ramos rechaçou a tese de que os miliares que estão no governo representaria uma influência das Forças Armadas.

Na carta, o ministro repetiu que foi convocado para uma missão pelo presidente e que "como em qualquer missão, o terreno e as forças adversas são condicionantes que temos que superar e assim o farei."

Ramos, que recentemente viu seu nome aparecer como uma suposta opção de Bolsonaro para assumir o comando do Exército, pediu confiança das Forças Armadas. "Não decepcionarei meus companheiros de farda e não permitirei que maculem a imagem de nossa Força".

No documento, Ramos ainda lamenta o fato de provavelmente não retornar ao Exército neste ano, por acreditar que seguirá no governo. "Achei que essa missão seria cumprida e eu pudesse retornar para minha farda ainda este ano, mas a guerra continua e não tem data para o armistício, e não posso abandonar minha posição."