"Semana que vem" vira piada e governo mostra que está longe de solução
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Já virou piada: "semana que vem a gente entrega", "semana que vem o governo apresenta". A expressão, que inevitavelmente gera expectativas, é vista cada vez com menos credibilidade em Brasília.
Até mesmo auxiliares do ministro Paulo Guedes (Economia) ironizam quando questionados sobre os trabalhos da equipe e dizem que "não podemos mais falar em semana que vem, mas vai sair". Há memes do ministro com a frase sendo espalhados pelos grupos de mensagens de Brasília.
Em tese, até o início da tarde desta terça-feira (6), estava tudo caminhando para que amanhã o Brasil finalmente conhecesse a solução encontrada pelo presidente Jair Bolsonaro ao programa de renda que quer chamar de seu.
Mas, há pouco, ao chegar no Palácio do Planalto, para mais uma de intermináveis reuniões, o relator do Orçamento, Márcio Bittar (MDB-AC), frustrou as expectativas de quem aguardava um desfecho e anunciou: "Olha, mais uma vez a previsão é que entreguemos tudo na semana que vem: pacto federativo, PEC Emergencial. Mas é sempre uma costura, então, tem que ter paciência".
Com um adendo importante, o relator incluiu em sua frase a expressão "se Deus quiser". Lembrando que o estado é laico, é preciso ressaltar que a solução para o programa de transferência de renda não virá de divindade nenhuma. Terá que ser feita por humanos e decidida pelos políticos.
A paz exige negociação
Ontem, depois do " jantar da paz", o presidente da Câmara Rodrigo Maia reiterou a necessidade de manutenção do teto, mas falou em "regulamentação" do mecanismo. Não explicou exatamente o que estaria incluído nessa "regulamentação".
Paulo Guedes pediu desculpas pelo mau jeito com parlamentares e se mostrou disposto a escutá-los. Para fazer um texto que seja bem recebido no Congresso, no entanto, a "semana que vem" fica sempre para a próxima.
A semana que vem de fato tem feriado. A tradição de Brasília reduz o ritmo dos trabalhos em semanas mais curtas. O período eleitoral está aberto. Deputados e senadores precisam voltar às suas bases, apoiar prefeitos e candidatos.
A agenda do governo corre contra o tempo. O auxílio emergencial está, a princípio, marcado para acabar no fim do ano. Bolsonaro quer uma solução. Precisa dela para manter sua popularidade em alta. Guedes depende dela para conseguir continuar batendo na tecla de que a economia brasileira "vai se recuperar em 'V'".
Memes que começam a ganhar volume na internet brincam com a excepcionalidade que tem sido o ano de 2020. "Janeiro, fevereiro, pandemia, dezembro, acabou".
Outros já avisam que há panetones nas lojas e supermercados e que aguardam a música da cantora Simone anunciando "então, é Natal".
O atual mantra do governo de falar em "semana que vem" lembra a música da cantora Pitty que avisa que o melhor é não deixar o tempo passar: "por que semana que vem pode nem chegar".
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