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Carla Araújo

Após EUA, Planalto quer estratégia eleitoral e pensa em vice para Bolsonaro

24.mai.2019 - Jair Bolsonaro, no Recife - Chico Peixoto/LeiaJá Imagens/Estadão Conteúdo
24.mai.2019 - Jair Bolsonaro, no Recife Imagem: Chico Peixoto/LeiaJá Imagens/Estadão Conteúdo

Do UOL, em Brasília

09/11/2020 14h08Atualizada em 10/11/2020 15h01

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Apesar de o presidente Jair Bolsonaro não ter se manifestado ainda sobre o resultado das eleições norte-americanas, os auxiliares do presidente - principalmente os militares que despacham no Palácio do Planalto - fazem avaliações reservadas da vitória de Joe Biden sobre Donald Trump e seus possíveis efeitos para a eleição de 2022, quando Bolsonaro tentará a reeleição.

De acordo com um general, o presidente precisa agora balancear melhor a sua agenda já que ultimamente buscou conquistar espaço na região Nordeste, que é historicamente ligada ao PT e a esquerda. Na esteira do auxílio emergencial, Bolsonaro ganhou popularidade e tem ido com frequência à região para inaugurar obras.

A investida na região é considerada correta, mas, segundo esse militar, o presidente não pode deixar de dar atenção ao Sul do país, que o elegeu em peso em 2018. Por mais que ainda tenha força na região, diz o general, é preciso manter fiel o eleitor, já que ainda faltam dois anos para a corrida eleitoral.

Assegurar os votos dos chamados conservadores é fundamental para que o presidente se mantenha competitivo em 2022.

Auxiliares destacam ainda que, além da vitória de Biden, é preciso avaliar movimentos que já estão acontecendo na América do Sul desde o ano passado, como na Argentina, onde Maurício Macri não conseguiu se reeleger e abriu espaço para o retorno da esquerda, com a chegada da chapa Alberto Fernández e Cristina Kirchner. "Se o presidente errar muito isso pode acabar acontecendo aqui", diz um general.

Na avaliação de outro militar de alta patente, que também despacha no Planalto, a vitória de Biden tende a enfraquecer a direita no mundo, mas no Brasil não deve ter um impacto direto na corrida eleitoral. Para esse general, no Brasil "será a velha questão dos nomes. Quem contra quem".

A vaga de vice está aberta

Já é praticamente consenso no governo que o presidente não formará uma chapa para reeleição com o atual vice Hamilton Mourão. Nesses dois anos de governo, o presidente se incomodou por diversas vezes com a postura de Mourão, sempre solicito com a imprensa e muitas vezes dando declarações que contrariavam Bolsonaro.

No Planalto, o nome do atual ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, é visto como uma opção. Heleno chegou a ser convidado para compor a chapa em 2018, mas problemas entre os partidos impediram a formação da dupla para a disputa.

Heleno nega que queria o posto, mas já admite reservadamente que não recusaria um pedido ou um apelo de Bolsonaro, se assim o presidente o fizesse. Há auxiliares do presidente, no entanto, que não acreditam nessa possibilidade e acreditam que o presidente deve apostar em um nome "mais político".

Há outros nomes que circulam para a vaga de vice, como a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos). Neste caso, alguns auxiliares ponderam que não seria algo inteligente já que "ela não somaria voto". Ou seja, os eleitores considerados mais radicais votariam no presidente independente da figura de Damares como vice.

Ainda é cedo para a definição do vice de Bolsonaro em 2022, mas diante das novas peças começando a se movimentar no xadrez político - como a recente aproximação entre o ex-ministro Sergio Moro e o apresentador Luciano Huck - a ordem no Planalto é avaliar e definir uma estratégia eleitoral que não dê a Bolsonaro o mesmo destino de Trump.