Bolsonaro tem problemas com o Renda Brasil, que segue sem solução
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta quinta-feira (12) que com "certeza" o auxílio emergencial será prorrogado caso o Brasil sofra uma "segunda onda" de Covid. Uma das várias perguntas a serem respondidas é qual o critério para definir essa segunda onda.
Quem vai decretar que estaremos com os casos em alta? O Ministério da Saúde? As secretarias estaduais de saúde? Os prefeitos? Os governadores? O presidente Jair Bolsonaro? O Congresso? Se não houver acordo, o Supremo? E a partir de que ponto será considerada uma segunda onda? Quando um terço (ou metade?) dos estados estiverem com casos em alta de mais de 10% (ou 20%, ou 30%, ou 50%) por mais de uma semana (ou duas, ou três)?
Não são perguntas triviais. Na reta final do ano, sobram dúvidas e incertezas em um país que ainda sofre com as consequências de uma pandemia, vê sua dívida pública escalar e está tomado por disputas políticas graças, sobretudo, ao enfraquecimento moral do presidente da República.
Bolsonaro, que, pela própria natureza do cargo de presidente, deveria ser o líder que reúne consenso em um momento de extrema complexidade, tem presenteado os brasileiros com mais crises, provocações e brincadeiras que não recebem mais apoio nem entre seus pares. Desautoriza generais e briga publicamente com governadores, faz guerra contra o desenvolvimento de uma vacina e gasta tempo precioso com discursos nonsense que transformam as Forças Armadas em piada.
Bolsonaro tem problemas com o Renda Brasil. Já ameaçou com um cartão vermelho a equipe de Paulo Guedes e mandou enterrar o programa e passou a responsabilidade ao Congresso. O cardápio de alternativas foi apresentado e vetado pelo presidente. O próprio Bolsonaro diz que pior que uma decisão errada é uma indecisão. Nesse caso, onde estão as decisões?
É matemática
Tudo poderia ficar como está não fosse o fato de o país estar no vermelho, com uma dívida pública cada vez mais cara, com prazo mais curto para pagamento e com um caixa com cada vez menos fôlego para os vencimentos.
Portanto, simplesmente empurrar com a barriga um programa emergencial do tamanho daquele elaborado durante a escalada do coronavírus sem nenhum tipo de contrapartida empurraria o país para um caminho perigoso, com a dívida crescendo acima do já significativo patamar de 96% do PIB a ser registrado ao fim de 2020 (em 2019, eram 75%).
O descaso com o tratamento da dívida pública já foi experimentado por nações como Argentina e Venezuela. Queremos arriscar ir por esse caminho? Ou será que nossas lideranças poderiam chegar logo a um consenso sobre como financiar os gastos com mais vulneráveis?
O estado de calamidade decretado por conta da pandemia autorizou a "PEC da Guerra" e liberou todos os gastos. Ele acaba no dia 31 de dezembro.
Agenda eleitoral
O responsável pela elaboração do relatório do Orçamento de 2021, senador Marcio Bittar (MDB), está em campanha no Acre, seu estado. Questionado se estaria também acompanhando o debate em torno do fim do auxílio emergencial, prometeu voltar para Brasília na segunda-feira para tratar do assunto.
"Eu não vejo como o Brasil fechar os olhos para esses milhões de brasileiros", disse o senador à coluna, enumerando que cerca de 7 milhões deles "não têm o que comer a partir de janeiro se nós não criarmos o Renda Brasil".
O senador usou hoje as redes sociais para dizer que estava trabalhando. Com um jatinho particular, disse que estava em "dias intensos de campanha".
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