IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Carla Araújo

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Novas baixas na Economia fragilizam Guedes e dão mais força ao centrão

Presidente Jair Bolsonaro e ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento no Palácio do Planalto - ADRIANO MACHADO
Presidente Jair Bolsonaro e ministro da Economia, Paulo Guedes, durante evento no Palácio do Planalto Imagem: ADRIANO MACHADO

Do UOL, em Brasília

27/04/2021 12h46Atualizada em 27/04/2021 21h50

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O ministro da Economia, Paulo Guedes, não conseguiu mais segurar o secretário Especial da Fazenda, Waldery Rodrigues, que acabou sendo demitido nesta terça-feira (27). A saída de Waldery foi confirmada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) no início da noite, mas o secretário continuará como assessor do ministro. O secretário do Tesouro, Bruno Funchal, assumirá o lugar de Waldey.

A insatisfação do presidente Jair Bolsonaro com Waldery já era antiga. No ano passado, Bolsonaro chegou a ameaçar o subordinado de Guedes com "cartão vermelho".

Na ocasião, Guedes conseguiu segurar Waldery, mas o secretário continuava sem respaldo político. Agora, Guedes cedeu ao tirar o secretário, mas vai mantê-lo como conselheiro.

O imbróglio envolvendo o Orçamento aumentou a indisposição da ala política com Guedes. O chamado centrão, base de apoio parlamentar do governo, ficou bastante incomodado com a postura do ministro nas negociações.

No ministério da Economia, a avaliação é de que o apetite de parlamentares aliados ao governo aumentou muito diante da pressão sobre o governo com a CPI da Pandemia agora em andamento. Por isso, auxiliares de Guedes afirmavam que outras mudanças na pasta ainda devem acontecer.

Além de Waldery, outra baixa na equipe de Guedes é justamente o nome da reforma tributária: Vanessa Canado. Ontem, o ministro da Economia teve uma reunião com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), justamente para tentar retomar os trabalhos da reforma tributária.

Mas, conforme mostrou o jornal Folha de S.Paulo, Vanessa Canado teria pedido demissão no mês passado e agora se prepara para encerrar seus trabalhos no Ministério da Economia.

Em agosto do ano passado, o próprio ministro Guedes escolheu o termo "debandada" ao anunciar a saída de Salim Mattar e de Paulo Uebel da sua equipe.

"Salim falou: 'A privatização não está andando, prefiro sair'. Uebel disse: 'A reforma administrativa não está sendo enviada, prefiro sair'. Esse é o fato, essa é a verdade", disse, na ocasião.

Pressão por ministérios

Uma pressão recorrente de parlamentares é para tentar diminuir o poder de Guedes e recriar a pasta do Planejamento. Desta forma, o "dono da chave do cofre" não seria a mesma pessoa que é obrigado a cuidar do ajuste fiscal.

Essa sugestão, no entanto, é rechaçada de forma enfática por Guedes e por seus auxiliares, que dizem que ela inviabilizaria por completo a agenda liberal do ministro.

Apesar disso, continua como desejo do centrão e é avaliado pelo governo a recriação de outras pastas como o ministério do Trabalho ou do Comércio Exterior. O martelo em relação a essa solução, segundo auxiliares de Bolsonaro, ainda não foi batido.

Mudanças confirmadas

Em nota divulgada na noite desta terça-feira, em que Guedes confirmou a troca de Waldey por Funchal, o ministério anunciou outras mudanças como o nome de Jeferson Bittencourt para o lugar do Secretário do Tesouro.

Também foi oficializada a saída de George Soares da Secretaria de Orçamento Federal (SOF), que passará a ser comandada pelo economista e analista de Planejamento e Orçamento Ariosto Antunes Culau.

"O ministro faz questão de destacar a competência e a inteira confiança que tem em Waldery. Agradece a dedicação, lealdade e resiliência de Waldery Rodrigues e ressalta a relevante contribuição dada por ele para o avanço da agenda de reformas e transformação do Estado brasileiro", diz a nota.

Segundo o ministério, as mudanças dentro da equipe ainda devem preservar "as diretrizes do governo para a política econômica, baseadas em responsabilidade fiscal e na transformação do Estado".

Guedes também anunciou que para o lugar de Vanessa Canado virá o economista e consultor internacional em política e administração tributária, Isaías Coelho.